O Livro dos Espíritos e as colônias espirituais


Na questão 234 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec formulou a seguinte pergunta aos Espíritos Instrutores, no item: “Mundos Transitórios”, quando aborda questões relativas à Vida Espírita:

234: “Há de fato, como já foi dito, mundos que servem de estações ou pontos de repouso aos Espíritos errantes? Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques (abrigos) onde podem descansar de uma longa erraticidade, estado este sempre penoso”.


É claro que, como são graduais as revelações dos Espíritos Superiores à humanidade, eles não poderiam em 1857 falar de comunidades de Espíritos errantes, isto é, de Espíritos que aguardam novas reencarnações até chegarem à perfeição espiritual, habitando cidades estruturadas em edificações de natureza sólida na atmosfera terrestre sobre terreno fértil à vegetação, e, em tudo, com estreita semelhança ao que conhecemos na crosta.

Seria bem possível que os adversários do Espiritismo diante dessa revelação, e de tamanha heresia, mandassem reacender certamente uma fogueira inquisitorial para queimar Allan Kardec como herege.

Ora, se nos idos de 1980, quando estive pessoalmente com Chico Xavier, em sua casa em Uberaba, ele me contou que, quando estava psicografando o livro “Nosso Lar” na década de 30, foi tachado de “médium fascinado”, e que ele mesmo ficou muito confuso com toda aquela situação.

Porém, para desfazer tudo isso, o Benfeitor Espiritual “André Luiz” levou-o em desprendimento num ponto bem acima de “Nosso Lar”, para que ele visse de cima a cidade, e pudesse constatar a realidade do que estava psicografando. Nesse momento, Chico esclareceu-me ainda, que o que ele viu naquela noite está exatamente desenhado no mapa da planta baixa da colônia pela médium “Heigorina Cunha”, apresentado no livro “Cidade No Além”.

Aos dezesseis anos de idade despertou-me a curiosidade de saber como se vivia “do lado de lá”. Ao ganhar de um amigo espírita o exemplar do livro Nosso Lar, fiquei sabendo como vivem os Espíritos desencarnados na outra dimensão, segundo as narrativas do Espírito André Luiz, pelo médium Chico Xavier que, em sua última existência na Terra, foi médico, descrevendo a vida deles em “Nosso Lar”, cidade localizada no mundo espiritual.

André Luiz conta que após a sua desencarnação permaneceu durante oito anos em estado de perturbação no plano espiritual, em conseqüência dos erros cometidos, principalmente, na sua juventude. Depois de ser socorrido por uma equipe de Benfeitores Espirituais, residentes em “Nosso Lar”, ele foi levado para tratamento em um hospital dessa cidade, na condição de enfermo espiritual.

Já refeito do seu desequilíbrio, André Luiz descobriu um mundo palpitante pleno de vida e atividades, constatando que os Espíritos desencarnados procedentes da Terra, como ele, passam por um estágio de recuperação e educação espiritual em diversos departamentos especializados dessa cidade.

Constatou, também, que lá existem setores para planejamento de novas reencarnações na Terra para esses Espíritos, que trata da escolha da família, da configuração do seu novo corpo, o mapa das provas que deverá passar etc.

A existência dessa cidade foi comprovada posteriormente pela médium “Heigorina Cunha”, que, durante o sono, em desdobramento espiritual visitou varias vezes Nosso Lar, utilizando a volitação que é a faculdade que o Espírito goza para deslocar-se pelo espaço afora.

Ao despertar no corpo, Heigorina desenhava o que via em suas visitas durante a emancipação de sua alma ao dormir, retratando jardins, avenidas, prédios e até a planta baixa da cidade, que abriga cerca de um milhão de Espíritos desencarnados.

Esses desenhos estão reunidos no livro “Cidade no Além”, trabalho mediúnico que recebeu a assistência pessoal do médium Chico Xavier, além de, à guisa de introdução, o Espírito André Luiz, pelo próprio Chico, apresentar 22 anotações em torno de “Nosso Lar”.

No livro “Quando se pretende falar da vida”, o jovem de formação israelita Roberto Muszkat, desencarnado em 14 de março de 1979, apresenta 22 mensagens psicografadas através do médium Chico Xavier, endereçadas aos seus pais e familiares. Na mensagem de 16 de novembro de 1979, ele, relatando para a mãe o seu desligamento do corpo, diz da ajuda de seu avô Moszek Aron, o qual, ao pronunciar as palavras “Leshaná Habaá bi-Yerushalayim” (era um adeus, significando o ano que vem em Jerusalém), tranquilizou-o, e fê-lo dormir como uma criança.

Quando acordou, viu-se num leito alvo com a sua avó Rachel velando por ele. Depois de algum tempo, o seu avô Moszek foi ao seu encontro, levando-o ao encontro de outros Espíritos amigos para um recinto dedicado à oração, no amplo educandário-hospital. (Colônia em Israel)

Esses amigos cantaram o hino Shalom Aleichem (hino que dá as boas-vindas aos anjos da paz, cantado na sexta-feira à noite). “Meu avô em seguida abençoou-me. As lágrimas banharam-me o rosto, enquanto o meu avô promovia o Seder (reunião festiva na primeira e na segunda noite da Páscoa judaica), em cuja reunião tive a oportunidade de fazer muitas perguntas.”

Diz ainda textualmente na mensagem, o Espírito Roberto Muszkat: “Vim, a saber, então, que me achava em Erets Israel (Terra de Israel), ou Terra do Renascimento”, cuja beleza é indescritível. Ali, naquela província do Espaço Terrestre, se erguia uma outra cidade luminosa dos Profetas.

Com estes apontamentos não quero dizer que estava, tanto quanto prossigo, numa cidade privilegiada, porque outras nações as possuem nas esferas que cercam o Planeta, mas aquele recanto era o meu coração pulsando com milhares ou milhões de outros corações, consagrados ao Pai Único”. Diante dessas informações, acredito que devam existir milhares de colônias em torno da Terra, cada uma reunindo Espíritos afins, de acordo com a raça, religião, cultura, progresso moral etc.

Agora, se dependermos da oficialização da Ciência humana para comprovar a existência de colônias espirituais, lembremos que, se Allan Kardec precisasse da confirmação científica da existência da alma ou da reencarnação para publicar “O Livro dos Espíritos” até hoje ele estaria aguardando o pronunciamento oficial e por muito tempo ainda.

Ora, não podemos perder de vista o aspecto revelador do Espiritismo que se antecipou ao conhecimento humano a respeito da existência da alma, da reencarnação, inclusive a do perispírito.

Exemplo dessa antecipação reveladora do Espiritismo é o caso da existência de água no solo de Marte. Desde 1939, o Espírito “Humberto de Campos”, através do médium Chico Xavier, no livro “Novas Mensagens”, fala dessa existência, no entanto, somente em 2004, ou seja, 65 anos após a publicação dessa obra, a NASA apresentou as primeiras provas químicas e geológicas diretas da existência de água no passado.

Porém, em 31 de julho de 2008, com a sonda Phoenix, o cientista William Boynton, da Universidade do Arizona, declarou “que eles tinham evidência de gelo nas observações da sonda Mars Express, mas essa é a primeira vez que a água em Marte é tocada”.
  
Se para “tocar” coisas materiais, a ciência humana levou mais de 60 anos para confirmar a mensagem mediúnica, o que dirá para “tocar coisas da dimensão espiritual”, no caso, as Colônias Espirituais, como também chegar à conclusão de que a alma existe e que ela reencarna várias vezes. Vamos esperar muitos séculos, naturalmente.

Por último, é preciso lembrar que Allan Kardec, no livro “A Gêneses”, ao tratar dos “Caracteres da Revelação Espírita”, esclarece: “A revelação Espírita, por sua natureza, tem uma dupla característica: é ao mesmo tempo uma revelação Divina e uma revelação científica”. Portanto, o ônus da prova das revelações feitas pelo Espiritismo cabe à ciência humana, e não a ele.

Por.: Gerson Simões Monteiro