Doracy Mércia Azevedo Mota
Do livro Missionários da Luz de André Luiz
Deus nos criou a todos como Seus filhos, Espíritos Simples e Ignorantes – infantis, sem experiência – com oportunidades idênticas para que caminhássemos para a perfeição por nossa própria vontade, esforço e conduta.
Do contrário, se nos criasse com a inteligência desenvolvida, bons e perfeitos não teríamos mérito algum. Sem a participação de nossa vontade e entendimento, se a tudo recebêssemos como presente, não seríamos mais que meros robôs. Por isto nos presenteou sim, mas com o “livre arbítrio”, que nos faz a cada um responsável pelo próprio crescimento.
A reencarnação faz parte e propicia a evolução espiritual dos seres, de vez que sendo múltiplas as experiências e variados os conhecimentos, uma só vida material pouco representa na eternidade do espírito que é imortal.
Se tivesse uma só vida, poucas seriam as chances de aprender e evoluir com erros e acertos, e os que persistissem no erro não teriam como reaprender, ressarcir e corrigir.
As escolas espiritualistas, particularmente a espírita, têm a evolução espiritual não somente como lógica, mas como algo que a ciência já de algum tempo vem comprovando por estudos mais aprofundados.
É o caso do perispírito, corpo semi-material que reveste o Espírito, que por sua vez é um corpo sutil, laço fluídico intermediário, que une o Espírito à matéria. Para melhor entendimento vejamos a comparação que nos faz Divaldo Pereira Franco:
“Tomemos como exemplo a laranja; temos a polpa, sua parte mais íntima, revestida de uma pele branca, ou perisperma – daí a palavra perispírito – que lhe serve de envoltório e que por sua vez a liga à casca, que seria o corpo, formando um todo: O Espírito seria a polpa, o Perispírito seria a pele branca e a casca seria o Corpo”.
Cientistas russos comprovam ser o perispírito – psicossoma, na linguagem dos espíritos – um órgão imortal que registra os progressos realizados pelo ser e transfere-os para a vida seguinte.
A reencarnação, ou vidas sucessivas, que também hoje começa a ser comprovada pela ciência, é uma necessidade. Em inúmeras vidas terrenas o Espírito comete erros e violações, adquirindo dívidas perante a Lei de Deus cuja justiça é infalível.
Sem a reencarnação como reparar erros, aumentar conhecimentos e aprimorar qualidades? Pelo livre arbítrio somos responsáveis pelos caminhos que seguimos, ainda que influenciados pelo meio em que estivermos. E isto explica o porque de sermos tão diferentes uns dos outros, mesmo vivendo numa mesma família.
A evolução espiritual se processa pelo modo como reagimos ante as experiências que vivemos, e dos conhecimentos adquiridos. Quando deixamos o corpo e vamos para a erraticidade – mundo espiritual – levamos impressos no perispírito tudo o que somos e que fizemos de bom ou ruim.
E lá, orientados pelos amigos espirituais, nos damos conta de nossos erros, nos arrependemos, e na maioria das vezes pedimos a oportunidade de uma nova encarnação onde queremos ressarcir os erros cometidos e melhorar nossa forma de agir. Daí a necessidade da “Lei de Causa e Efeito”, ou de “Ação e Reação” que os orientais denominam “Carma”.
Daí que: “O resultado do que fazemos nos espera mais adiante”. Kardec nos ensina que a reencarnação obedece a Lei de “Causa e Efeito”. Recebemos na medida exata do que fazemos, não há como mudar nada. O espiritismo ensina que precisando evoluir, quando erramos teremos sempre a chance de Aprender... Corrigir... e Ressarcir.
Parece igual, mas não é. Deus, em sua bondade e misericórdia infinita, nos oferece pela Reencarnação duas possibilidades, das quais, imbuídos do Livre Arbítrio, escolhemos uma: Evoluir pela Dor ou pelo Amor. É como diz o ditado: “Quem não chega pelo amor, chega pela dor”.
O que isto significa na verdade?... Significa que podemos “Ressarcir” ou “Pagar” nossos erros, agindo no amor, sempre por influencia de nosso “livre arbítrio”, obviamente neste caso, nos envolvendo com o próximo em dedicações e renúncias que mergulham no cálice do sacrifício: “Se fizemos o mal, agora faremos o bem, seja qual for a dificuldade que tenhamos que enfrentar”.
Por outro lado, se recebendo a dádiva da reencarnação continuamos numa vida de inconseqüências e desajustes, então vem a dor que nos açoita até que, aprendendo, mudamos o rumo da caminhada. Como diz Divaldo: “não estamos aqui para pagar, mas para aprender, da forma que consciente ou inconscientemente escolhermos”.
Jesus, nosso Mestre Maior, nos deixou inúmeras provas da reencarnação, dentre outras, quando disse claramente que João Batista era a reencarnação de Elias. A reencarnação oferece a única explicação lógica acerca das desigualdades, que, pretensiosos e querendo “achar um culpado”, que em absoluto não sejamos NÓS quase sempre consideramos injustiças de Deus!
Para cada reencarnante é preparado um roteiro, um programa de vida, que deverá vivenciar, sempre lembrando que o livre arbítrio pode mudar ou desviar parte dessa caminhada. Nada é sem um motivo justo - ninguém casa, tem filhos ou é médico por acaso - Cônjuges, filhos, profissão, doenças, hora da morte, dentre outros, são previstos pela espiritualidade em íntimo relacionamento com suas vidas anteriores.
Por exemplo: um casamento pode ser uma união expiatória ou de amor; um médico pode ter estudado por necessidade de reparar erros, ou para dar continuidade à sua vocação. E assim tantas outras coisas.
A cada um é designado um “mentor espiritual” (anjo da guarda), que o acompanhará ajudando-o, intuindo-o em suas decisões e nos momentos de maior perigo. Isto quer dizer que Deus não deixa nenhum de seus filhos a mercê de Sua misericórdia. Se falhamos é porque em nossas fraquezas nos entregamos a impulsos e nos ofuscamos com as ilusões terrenas, não por falta de condições ou ajuda de nossos Amigos Espirituais.
A Terra é uma Grande Escola onde os espíritos vem para aprender e evoluir. Se formos bons alunos e nos esforçamos, aprendemos a lição, passamos de ano, mudamos de curso, até que, terminando os estudos nesta escola, estejamos maduros para cursar a universidade em outras moradas.
Este assunto maravilhoso é imenso e muito teríamos a discorrer, pelo que convidamos aos mais interessados que o façam através do livro que ora consultamos para elaboração deste assunto, lembrando que: “no educandário da vida, a lição se repete até que o aluno aprenda a lição”.