Emmanuel

Emmanuel é o nome dado pelo médium espírita Francisco Cândido Xavier ao espírito a que atribui a autoria de boa parte de suas obras psicografadas. Esse espírito era apontado por Chico Xavier como seu “orientador espiritual”.

Há também um livro homônimo de Chico Xavier que leva a assinatura de Emmanuel, publicado em 1938. A obra mediúnica atribuída a Emmanuel é composta por dezenas de livros, muitos deles traduzidos para diversos idiomas. São romances históricos, livros de aconselhamento espiritual, obras de exegese bíblica, etc.

Um espírito, que se identifica como "Emmanuel", assina uma mensagem ditada em Paris em 1861, intitulada "O Egoísmo", publicada no item 11 do capítulo XI do “Evangelho Segundo o Espiritismo” de Allan Kardec, cuja primeira edição veio a público em abril de 1864.

Quando indagado se Emmanuel era o mesmo espírito que assinou esta mensagem o médium Francisco Cândido Xavier afirmou: "Creio que sim. Conservo para mim a certeza de que ele, Emmanuel, terá participado da equipe que colaborou na estrutura da codificação da Doutrina Espírita”.

“A mensagem intitulada “O Egoísmo”, (...) em que se faz referência a Pilatos, é de autoria do nosso benfeitor espiritual, não tenho dúvidas a este respeito" .

No dia 10 de julho de 1927, na fazenda da senhora Carmem Perácio, enquanto rezavam, Carmem ouviu uma voz de um espírito que se identificou como "Emmanuel - amigo espiritual de Chico", onde logo após o viu como "um jovem imponente, com vestes sacerdotais e aura brilhante".

No ano de 1931 ocorreu o primeiro contato de ambos, no momento em que Chico esteve à sombra de uma árvore, à beira de uma represa, no momento em que orava. Neste momento, viu uma cruz luminosa, percebendo a figura de um senhor que vestia uma túnica sacerdotal. Ocorreu então o famoso diálogo entre Chico e Emmanuel.

“Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade? Sim, se os bons espíritos não me abandonarem. Você não será desamparado mas para isso é preciso que trabalhe, estude e se esforce no bem. O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso? Perfeitamente, desde que respeite os três pontos básicos para o serviço”.

“Qual o primeiro ponto? Disciplina. E o segundo? Disciplina. E o terceiro? Disciplina, é claro. Temos algo a realizar. Trinta livros para começar”.

O seu nome popularizou-se no Brasil pela psicografia do médium espírita, que assim descreveu um dos primeiros contatos entre ambos, em 1931, enquanto psicografava “Parnaso de Além Túmulo”, a sua primeira obra mediúnica:

 "Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz”. Ao ser questionado sobre a sua identidade, o espírito teria respondido:

"Descansa! Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espírita. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos…"

Em entrevista, Chico Xavier disse certa vez: "Emmanuel tem sido para mim um verdadeiro pai na Vida Espiritual, pelo carinho com que me tolera as falhas e pela bondade com que repete as lições que devo aprender".

No seu livro "De Amor e Sabedoria de Emmanuel", Clóvis Tavares assim definiu Emmanuel: (...) A ele, alma de escol, ao seu espírito de organizador, de autêntico chefe espiritual, devemos a beleza, a luz, a pureza ortodoxa da prodigiosa produção mediúnica do fidelíssimo Chico Xavier, em que têm cooperado centenas de obreiros espirituais (...)

1. O retrato de Emmanuel

Foi feito um retrato do espírito Emmanuel pelo pintor mineiro “Delpino Filho”. Chico Xavier informou que o espírito não "posou" para o pintor. Na verdade, o artista foi auxiliado por um pintor desencarnado, que era amigo de Emmanuel.

O médium afirmou que o retrato produzido é fiel ao benfeitor, quando na personalidade do senador romano “Públio Lentulus Cornelius”. O único detalhe que poderia ser corrigido no retrato se refere aos lábios, que são na realidade mais estreitos e masculinos.

A pintura original se encontra na sede do “Grupo Espírita Luiz Gonzaga”, em Pedro Leopoldo, numa sala de preces, feita no quarto onde Chico nasceu, em 1910.

2. Reencarnações

2.1 - A primeira reencarnação de Emmanuel na Terra de que se tem notícia data do século IX a.C. Seu nome era “Simas”, grão-sacerdote do templo de “Amon-Rá” em Tebas, no Egito.

Foi reitor da escola de Tanis e pai da futura rainha “Samura-Mat” (Semíramis), do império da Assíria, da Babilônia, do Sumér e do Akad. Sua história se encontra no livro "Semíramis a rainha da Assíria, da Babilônia e do Súmer”, por Camilo Rodrigues Chaves.

2.2 - A segunda se refere ao cônsul Publius Lentulus Cornelius Sura, conspirador e amigo de Sulla e Cícero, condenado à morte no ano de 63 a.C.

2.3 - A terceira como Publius Lentulus Cornelius, um senador romano que viveu à época do Cristo, segundo declarações do médium mineiro. De 24 de outubro de 1938 a 9 de fevereiro de 1939, Emmanuel transmitiu ao médium as suas impressões, revelando-nos o orgulhoso patrício romano Públio Lentulus Cornelius, em vida anterior, Públio Lentulus Sura, no romance “Há dois mil anos”.

Públio luta pela sua Roma, não admitindo a corrupção e demonstrando integridade de caráter. Ao mesmo tempo, sofre durante anos a suspeita de ter sido traído pela esposa a quem ama. Tem a oportunidade de se encontrar pessoalmente com Jesus, mas entre a opção de ser servo de Jesus ou servo do mundo, escolhe a segunda. Desencarnou em Pompéia no ano de 79, vítima das cinzas do Vesúvio, cego e já voltado aos princípios de Jesus.

2.4 - A quarta como o escravo “Nestório”. Na obra “Cinqüenta anos depois”, o personagem renasce em ÉFeso, em 131, com o nome de Nestório. De origem judaica, é escravizado por romanos que o conduzem ao país de sua anterior existência.

Nos seus 45 anos presumíveis, mostra em seu porte um orgulho silencioso e inconformado. Apartado do filho, que também fora escravizado, volta a encontrá-lo durante uma pregação nas catacumbas onde tinha a responsabilidade da palavra.

Cristão desde a infância, é preso e, por manter-se fiel a Jesus, é condenado à morte. Com os demais, ante o martírio, canta, de olhos postos no Céu e, no mundo espiritual, é recebido pelo seu amor de outrora, Lívia.

2.5 - A quinta como “Basílio”, romano filho de escravos gregos que viveu em Chipre como liberto no ano de 233. Casou-se com a escrava Junia Glaura e teve uma filha, porém ambas morreram precocemente.

Posteriormente, adotou para si uma criança abandonada numa cesta, que mais tarde recebeu o nome de Lívia (há uma hipótese de que esta teria sido uma das reencarnações de Francisco Cândido Xavier, segundo informações de Arnaldo Rocha - amigo de longa data de Chico - onde afirma que o médium lhe deu esta informação), vivendo com ela até o fim de seu dias, onde fora torturado e morto. Mais detalhes são revelados no livro “Ave Cristo” pela psicografia de Francisco Cândido Xavier.

 2.6 - A sexta como “São Remígio”, bispo de Remis. Nasceu no ano de 439, em Lyon. De família nobre e religiosa, considerado o maior orador sacro do reino dos francos pela sua especialidade em retórica. Considerado como o apóstolo dos pagãos, nas Gálias, era conhecido pela sua pureza de espírito, e profundo amor a Deus e ao próximo. Desencarnou em janeiro de 535, aos 96 anos de idade.

2.7 - A sétima como o padre “Manuel da Nóbrega”. Segundo Francisco Cândido Xavier, em participação no programa "Pinga Fogo” da extinta TV Tupi, em 1971 Emmanuel teria sido, numa antiga encarnação, o padre português Manuel da Nóbrega.

O deputado Freitas Nobre, teria declarado, em programa na mesma rede de televisão, na noite de 27 de julho de 1971, que, ao escrever um livro sobre o padre José de Anchieta, teve oportunidade de encontrar e fotografar uma assinatura de Manoel da Nóbrega, como "E. Manuel".

Segundo o seu entendimento, o "E" inicial se deveria à abreviatura de "Ermano", o que, ainda de acordo com o seu entendimento, autorizaria a que o nome fosse grafado Emanuel, um "m" apenas e pronunciado com acentuação oxítona.

2.8 - A oitava como “Padre Damiano”, no século XVII. Nascido em 1613, na Espanha, residiu em Ávila, Castela-a-Velha, onde oficiou na Igreja de São Vicente. Desencarnou em idade avançada no Presbitério de São Jaques do Passo  Alto, no burgo de São Marcelo, em Paris. Alguns detalhes desta encarnação constam no livro “Renúncia”, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier.

2.9 - A nona como “Jean Jacques Turville”, no século XVIII, na França. Foi educador da nobreza e prelado católico romano no período anterior à Revolução Francesa, vivendo no norte da França. Fugiu à ferocidade revolucionária, indo para a Espanha onde viveu até a morte.

2.10 - A décima como “Padre Amaro”, um humilde sacerdote católico romano, entre os séculos XIX e XX. Viveu no Brasil, no estado do Pará. Posteriormente foi ao Rio de Janeiro, onde se dedicou à pregação do Evangelho de Jesus, tendo inclusive contato com o Dr. Bezerra de Menezes.

Há uma mensagem psicografada por Chico Xavier intitulada “Sacerdote católico que fui” onde Emmanuel descreve com detalhes o processo de sua desencarnação nesta existência.

3. A Nova Reencarnação de Emmanuel

No fim do século XX, segundo informações do próprio Chico, Emmanuel reencarnou em uma cidade no interior de São Paulo, segundo informações da Sra. Suzana Maia Mousinho, amiga do médium desde 1957, na qual este a teria confidenciado tal fato.

A informação do reencarne de Emmanuel também já foi informada em diversas outras ocasiões. No livro Entrevistas, no ano de 1971, Chico afirmou que "Ele (Emmanuel) afirma que, indiscutivelmente, voltará à reencarnação, mas não diz exatamente o momento preciso em que isto se verificará. Entretanto, pelas palavras dele, admitimos que ele estará regressando ao nosso meio de espíritos encarnados no fim do presente século (XX), provavelmente na última década".

Na pergunta de número 33 do livro “A Terra e o Semeador”, o médium disse: "Isso tem sido objeto de conversações entre ele (Emmanuel) e nós. Ele costuma dizer que nos espera no Além, para, em seguida, retornar à vida física".

Outra informação, que consta no livro “Lições de Sabedoria”, foi obtida através da pergunta de Gugu Liberato: "É verdade que o espírito Emmanuel, que lhe ditou a base do Espiritismo prático no Brasil, se prepara para reencarnar?". Chico então respondeu: "Ele virá novamente, dentre pouco tempo, para trabalhar como professor".

D. Suzana Maia Mousinho e sua nora, D. Maria Idê Cassaño, afirmaram que em outubro de 1996, Chico revelou a ambas que Emmanuel começou a se preparar para seu reencarne no ano de 1996.

Posteriormente, Sônia Barsante, frequentadora do Grupo Espírita da Prece, afirma que num certo dia do ano 2000, Chico havia entrado em transe mediúnico, e ao regressar, afirmou que havia ido em desdobramento até uma cidade do Estado de São Paulo, onde pôde presenciar o nascimento de um bebê, Emmanuel reencarnado e ainda afirmou que "todos iríamos reconhecê-lo".