Eurípedes Barsanulfo
Grandes Vultos do Espiritismo
01/05/1880 a 01/11/1918
Nascido
em 1º de maio de 1880, na pequena cidade de Sacramento, Estado de Minas Gerais,
e desencarnado na mesma cidade, aos 38 anos de idade, em 1 de novembro de 1918.
Eurípedes foi professor, jornalista e médium espírita.
Logo
cedo manifestou-se
nele profunda inteligência e senso de responsabilidade, acervo conquistado,
naturalmente, nas experiências de vidas pretéritas. Era ainda bem moço, porém
muito estudioso e com tendências para o ensino, por isso foi incumbido pelos seus professores
de ensinar aos próprios companheiros de aula.
A partir
de 1902, contando
então com vinte e dois anos de idade, junto com seus antigos professores, Dr. João Gomes Vieira de Melo,
Inácio Martins de Melo e outros, fundou o “Liceu Sacramentano”, onde
lecionava, quando necessário, todas as matérias do curso. Possuía profundos
conhecimentos de Medicina, de Direito, de Astronomia, Filosofia, Matemática,
Ciências Físicas e Naturais e de Literatura, mesmo sem ter cursado o
ensino superior.
O seu primeiro contato com
a Doutrina Espírita ocorreu em 1903, através do seu tio, conhecido
como “Sinhô Mariano”, que após tentar explicar os pontos básicos da doutrina,
emprestou ao sobrinho o livro “Depois da morte”, de “Léon Denis”.
Em
verdade, Eurípedes preparou o ambiente e chamou seu tio para uma conversa, com
a intenção de ajudar o tio, pois Eurípedes, influenciado pela família, igreja e
sociedade católica, pensava na época que o Espiritismo seria coisa ruim, que
fazia mal às pessoas, etc.
Eurípedes
passa a
noite inteira lendo o livro e encontra neste conceitos filosóficos sobre a Vida
e a Morte, que lhe parecem corretos, encontra enfim na reencarnação, nas energias e
na responsabilidade de cada um tudo o que ocorre a si e suas conseqüências a
terceiros, a
única explicação racional para os desequilíbrios físicos, morais e sociais.
Na seqüência
vai às sessões espíritas e por fim ao ver parentes seus, analfabetos
incorporados falando línguas diferentes e conceitos filosóficos e científicos
com amplitude enorme de conhecimentos, esclarecendo, ajudando sempre os presentes,
assume a realidade dos fatos e se prontifica a partir dali a ser espírita e
ajudar no esclarecimento e amparo aos necessitados, vislumbrando a
possibilidades de ajuda a partir dos adventos que via.
Despertado
e convicto, converteu-se sem delongas e sem esmorecimentos, identificando-se
plenamente com os novos ideais, numa atitude sincera e própria de sua
personalidade, procurou o vigário da Igreja matriz onde prestava sua
colaboração, colocando à disposição do mesmo o cargo de secretário da Irmandade. Repercutiu
estrondosamente tal acontecimento entre os habitantes da cidade e entre membros
de sua própria família.
Em
poucos dias começou a sofrer as conseqüências de sua atitude incompreendida. Persistiu lecionando
e entre as matérias incluiu o ensino do Espiritismo, provocando reação em
muitas pessoas da cidade, sendo procurado pelos pais dos alunos, que chegaram a oferecer-lhe
dinheiro para que voltasse atrás quanto à nova matéria e, ante sua recusa, os
alunos foram retirados um a um.
Sob pressões de toda
ordem e impiedosas perseguições, Eurípedes sofreu forte traumatismo, retirando-se para
tratamento e recuperação em uma cidade vizinha, época em que nele desabrocharam várias
faculdades mediúnicas, em especial a de cura, despertando-o para a vida
missionária.
Um dos primeiros casos de cura ocorreu justamente com sua própria mãe que,
restabelecida, se tornou valiosa assessora em seus trabalhos.
A
produção de vários fenômenos fez com que fossem atraídas para Sacramento centenas de pessoas
de outras paragens, abrigando-se nos hotéis e pensões, e até mesmo em casas de
famílias,
pois a todos Barsanulfo atendia e ninguém saía sem algum proveito, no mínimo o
lenitivo da fé e a esperança renovada e, quando merecido, o benefício da cura, através
de bondosos Benfeitores Espirituais.
Auxiliava
a todos, sem
distinção de classe, credo ou cor e, onde se fizesse necessária a sua presença,
lá estava ele, houvesse ou não condições materiais. Jamais esmorecia e,
humildemente, seguia seu caminho cheio de percalços, porém animado do mais vivo
idealismo. Logo sentiu a necessidade de divulgar o Espiritismo, aumentando o
número dos seus seguidores.
Eurípedes
Barsanulfo foi médium inspirado,
vidente, audiente, receitista, psicofônico, psicógrafo, de desdobramento e de
bicorporeidade. Como médium receitista, psicografava prescrições do espírito Bezerra
de Menezes.
Somente depois de algum tempo à luz dos fatos e da assistência para com todos,
a família veio a entendê-lo e vieram então ajuntar-se à causa, ajudando-o nas
tarefas que eram muitas.
Para isso
fundou o "Grupo Espírita Esperança e Caridade", no ano de 1905, tarefa na qual foi
apoiado pelos seus irmãos e alguns amigos, passando a desenvolver vários trabalhos,
tanto no campo doutrinário, como nas atividades de assistência social.
Em 1
de abril de 1907, criou o primeiro educandário brasileiro com orientação
espírita, o “Colégio Allan Kardec”, onde os alunos recebiam aulas
de Evangelho, Moral Cristã, e, ainda, instituiu um curso
de Astronomia que hoje conta inclusive com laboratórios.
Foi
ainda Diretor do Sanatório Espírita de Uberaba. Além de exercer a direção do
colégio,
onde ministrava aulas de Matemática, Geometria, Aritmética, Trigonometria,
Ciências naturais, Botânica, Zoologia, Geologia e Paleontologia, Português,
Francês, Astronomia, Inglês e Castelhano.
Seu
trabalho ficou tão conhecido que, ao abrirem-se as inscrições para matrículas,
as mesmas se encerravam no mesmo dia, tal a procura de alunos, obrigando um
colégio da mesma região, dirigido por freiras da Ordem de S. Francisco, a encerrar
suas atividades por falta de freqüentadores.
Liderado
a pulso forte, com diretriz segura, robustecia-se o movimento espírita na região
e esse fato incomodava sobremaneira o clero católico, passando este,
inicialmente de forma velada e logo após, declaradamente, a desenvolver uma
campanha difamatória envolvendo o digno missionário e a doutrina de libertação, que foi galhardamente
defendida por Eurípedes, através das colunas do jornal "Alavanca",
discorrendo principalmente sobre o tema: "Deus não é Jesus e Jesus não é
Deus".
Com
argumentação abalizada e incontestável, determinando fragorosa derrota dos seus
opositores que, diante de um gigante que não conhecia esmorecimento na luta, mandaram vir de
Campinas, Estado de S. Paulo, o reverendo Feliciano Yague, famoso por suas
pregações e conhecimentos, convencidos de que com suas argumentações e
convicções infringiriam o golpe derradeiro no Espiritismo.
Foi
assim que o referido padre desafiou Eurípedes para uma polêmica em praça
pública, aceita e combinada em termos que foi respeitada pelo conhecido
apóstolo do bem.
No dia
marcado o padre iniciou suas observações, insultando o Espiritismo e os
espíritas, "doutrina
do demônio e seus adeptos, loucos passíveis das penas eternas", numa demonstração de
falso zelo religioso, dando assim testemunho público do ódio, mostrando sua
alma repleta de intolerância e de sectarismo.
A
multidão que se mantinha respeitosa e confiante na réplica do defensor do
Espiritismo, antevia a derrota dos ofensores, pela própria fragilidade dos seus
argumentos vazios e inconsistentes.
O
missionário sublime, aguardou serenamente sua oportunidade, iniciando sua parte
com uma prece sincera, humilde e bela, implorando paz e tranqüilidade para uns
e luz para outros, tornando o ambiente propício para inspiração e assistência do
plano maior e em seguida iniciou a defesa dos princípios nos quais se
alicerçavam seus ensinamentos.
Com
delicadeza, com lógica, dando vazão à sua inteligência, descortinou os
desvirtuamentos doutrinários apregoados pelo Reverendo, reduzindo-o à
insignificância dos seus parcos conhecimentos, corroborado pela manifestação
alegre e ruidosa da multidão que desde o princípio confiou naquele que facilmente
demonstrava a lógica dos ensinos apregoados pelo Espiritismo.
Ao terminar
a famosa polêmica e reconhecendo o estado de alma do Reverendo, Eurípedes
aproximou-se dele e abraçou-o fraterna e sinceramente, como sinceros eram
seus pensamentos e suas atitudes.
Barsanulfo
seguiu com dedicação as máximas de Jesus Cristo até o último instante de sua
vida terrena, por ocasião da pavorosa epidemia de gripe que assolou o mundo em
1918, ceifando vidas, espalhando lágrimas e aflição, redobrando o trabalho do
grande missionário, que a previra muito antes de invadir o continente americano,
sempre falando na gravidade da situação que ela acarretaria.
Manifestada
em nosso continente, veio encontrá-lo à cabeceira de seus enfermos, auxiliando
centenas de famílias pobres. Havia chegado ao término de sua missão terrena. Esgotado pelo esforço
despendido, desencarnou no dia 1 de novembro de 1918, às 18 horas, rodeado de
parentes, amigos e discípulos.
Sacramento
em peso, em verdadeira romaria, acompanhou- lhe o corpo material até a
sepultura, sentindo que ele ressurgia para uma vida mais elevada e mais
sublime.