Tendo os
fariseus tomado conhecimento de que Jesus fizera os saduceus se calarem,
reuniram-se, e um deles, que era doutor da lei, veio fazer-lhe esta pergunta,
para tentá-lo: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Jesus respondeu:
“Amarás
ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
espírito, é o maior e o primeiro mandamento. E eis o segundo que é semelhante
ao primeiro: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a lei e os
profetas estão encerrados nesses dois mandamentos”.
O reino
dos céus é comparado a um rei que quis fazer as contas com seus servos. E tendo
começado a fazê-lo, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; mas como ele não
tinha meios de lhe pagar, mandou o seu senhor que fossem vendidos ele, sua
mulher, seus filhos e tudo o que ele tinha para saldar a sua dívida.
O servo,
porém, lançando-se aos pés do senhor, lhe suplicava: Senhor tenha um pouco
de paciência, e eu lhe pagarei tudo. Então, o senhor, compadecido do seu servo, deixou-o ir e perdoou-lhe
a dívida.
Mas esse
servo, mal acabara de sair, encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem
moedas, e, agarrando-o pelo pescoço o sufocava dizendo: Paga-me o que tu me
deves. E
seu companheiro, lançando-se aos seus pés, lhe suplicava dizendo: Tem um pouco de
paciência e eu te pagarei tudo. Mas ele não quis escutá-lo, retirou-se e fez com
que o prendessem até que ele pagasse o que lhe devia.
Os
outros servidores, seus companheiros, vendo o que se passava, ficaram
extremamente aflitos, e foram comunicar ao seu senhor tudo o que tinha acontecido. Então o senhor,
chamando o servo à sua presença, lhe diz:
“Servo
mau, eu te perdoei tudo o que me devias, porque me imploraste, portanto tu também devias
ter piedade do teu companheiro como eu tive de ti. E o senhor, cheio de
cólera, entregou-o aos algozes, até que pagasse tudo quanto lhe devia”.
É assim
que meu Pai que está nos céus vos tratará se cada um de vós não perdoar, do fundo do
coração,
as faltas que seu irmão houver cometido contra vós. (Mateus, XVIII: 23 a 35.)
Amar o
próximo como a si mesmo; fazer aos outros o que desejamos que os outros façam por nós é a expressão mais
completa da caridade, pois resume todos os deveres para com o próximo.
Não pode
haver guia mais seguro a esse respeito do que tomar como medida do que se deve fazer
aos outros, o mesmo que desejamos para nós. Com que direito se exigirá um bom procedimento
dos nossos semelhantes, se não temos para com eles a indulgência, a benevolência
e o devotamento?
A
prática desses ensinamentos conduz à destruição do egoísmo; quando os homens os
usarem como regra de comportamento, e como base das suas instituições, compreenderão a
verdadeira fraternidade e farão reinar entre eles a paz e a justiça; não haverá mais ódios
nem divergências de opiniões, mas união, concórdia e benevolência mútua.