Formação do Mundo Cerebral
Do Livro Evolução em
dois Mundos
André Luiz (espírito) –
Francisco Cândido Xavier
1. Formação
do mundo cerebral: No regaço do tempo, os Arquitetos Divinos auxiliam a consciência
fragmentária na construção do cérebro, o maravilhoso ninho da mente, necessitada de
mais ampla exteriorização.
A massa
de células nervosas que precede a formação do mundo cerebral, nos
invertebrados, dá lugar à invaginação do ectoderma nos vertebrados,
constituindo-se, lentamente, a “vesícula anterior ou prosencéfalo”, a “vesícula média
ou mesencéfalo” e a “vesícula posterior ou rombencéfalo”.
Nos
peixes, os hemisférios cerebrais mostram-se ainda muito reduzidos, nos anfíbios
denotam desenvolvimento encorajador e nos répteis avançam em progresso mais vasto, configurando já, com
alguma perfeição, o aqueduto de Sylvius.
Aprimorando-se,
com mais segurança, em semelhante fase, na forma espiritual, o “centro coronário do
psicossoma” futuro, a refletir-se na “glândula pineal”, já razoavelmente
plasmada em alguns lacertídeos, qual o rincocéfalo da Nova Zelândia, em que a
epífise embrionária se prolonga até à região parietal, aí assumindo a feição de
um olho com implementos característicos.
Zoólogos
respeitáveis consideram o mencionado aparelho como sendo um globo ocular
abandonado pela Natureza; contudo, é aí que a epífise começa a consolidar-se, por
fulcro energético de sensações sutis para a tradução e seleção dos estados
mentais diversos, nos mecanismos da reflexão e do pensamento, da meditação e do
discernimento.
Prenunciando
as operações da mediunidade, consciente ou inconsciente, pelas quais os Espíritos
encarnados e os Espíritos desencarnados se consorciam, uns com os outros, na
mesma faixa de vibrações, para as grandes criações da Ciência e da Religião, da Cultura e da
Arte, na jornada ascensional para Deus, quando não seja nas associações
psíquicas de espécie inferior ou de natureza vulgar, em que as almas
prisioneiras da provação ou da sombra se retratam reciprocamente.
2. Girencefalia
e Lissencefalia: Prossegue o crescimento dos hemisférios cerebrais nas aves,
com significativas porções cerebelares, para encontrarmos, nos mamíferos, o encéfalo
com apreciáveis dotações, apresentando circunvoluções nos girencéfalos e aumento expressivo
na área do córtex.
Quanto
mais se verticaliza a escalada, mais se reduz a percentagem volumétrica do
cerebelo, enquanto que os hemisférios cerebrais se dilatam; contudo, é preciso
destacar que esse fenômeno de progressão, fundamentalmente, não se relaciona
com a inteligência e nem esta é, a rigor, proporcional ao número de
circunvoluções cerebrais, tanto que mamíferos, quais o coelho, o canguru, o
ornitorrinco e até mesmo certos primatas, possuem cérebro lissencéfalo ou sem
circunvoluções.
A girencefalia
e a lissencefalia obedecem a tipificações traçadas pelos Orientadores Maiores, no extenso domínio dos
vertebrados, preparando o cérebro humano com a estratificação de lentas e
múltiplas experiências sobre a vasta classe dos seres vivos.
A maneira
de crianças tenras, internadas em jardim de infância para aprendizados
rudimentares, animais nobres desencarnados, a se destacarem dos núcleos de evolução
fisiopsíquica em que se agrupam por simbiose, acolhem a intervenção de
instrutores celestes, em regiões especiais, exercitando os centros nervosos.
3. Fator
de Fixação: Os neurônios nascem e se renovam, milhões de vezes, no plano físico e no
plano extrafísico, na estruturação de cérebros experimentais, com mais vivos e mais
amplos ingredientes do “corpo espiritual”, quando em função nos tecidos
físicos, até
que se ergam em unidades morfológicas definitivas do sistema nervoso.
Demonstrando
formação especialíssima, porquanto reproduz mais profundamente a tessitura das
células psicossomáticas, o neurônio é toda uma usina microscópica, constituído-se de um
corpo celular com prolongamentos, apresentando o núcleo escassa cromatina e um
nucléolo.
Acha-se
o núcleo cercado de protoplasnia em que há mitocôndrios neurofibrilas, aparelho
de Golgi, melanina abundante e um pigmento ocre, estreitamente relacionado com
o corpo espiritual, de função muito importante na vida do pensamento, aumentando
consideravelmente na madureza e na velhice das criaturas, além de uma
substância, invisível na célula em atividade, a espalhar-se no citoplasma e nos dendritos facilmente
reconhecível por intermédio de corantes básicos, quando a célula se encontra
devidamente fixada.
Essa
substância — a expressar-se nos chamados corpúsculos de Nissi, que podem sofrer
a Cromatólise — representa alimento psíquico, haurindo pelo corpo espiritual no
laboratório da vida cósmica, através da respiração, durante o repouso físico para a
restauração das células fatigadas e insubstituíveis.
O
pigmento ocre que a ciência humana observa, sem maiores definições é conhecido no “Mundo
Espiritual como fator de fixação”, como que a encerrar a mente em si mesma, quando esta se
distancia do movimento renovador em que a vida se exprime e avança,
adensando-se ou rarefazendo-se ele, nos círculos humanos, conforme a atitude
mental do Espírito na quota de tempo em que se lhe perdure a existência carnal.
4. Reflexos-tipos:
Estabelecidos os centros nervosos, em que se entrosam as forças
fisiopsicossomáticas os “reflexos-tipos” são organizadas no reino animal, fixando-se
o “reflexo de flexão”, que consta da flexão de um membro atacado na superfície por
estímulos de variadas origens, o “reflexo fásico” que interessa a defesa própria na remoção de
estímulos perniciosos o “reflexo miotático” a evidenciar-se na contração de um músculo
quando responde à extensão de suas fibras, os reflexos posturais diversos e os
múltiplos reflexos segmentares e inter-segmentares, com os arcos que lhes
são característicos, tanto na parte aferente como na eferente, preparando-se o
veículo fisiopsicossomático do porvir em suas reações nervosas fundamentais.
Através
deles, o encéfalo, conservando consigo o “centro coronário e o centro cerebral”,
registra excitações inúmeras, para que as faculdades de percepção e seleção, atenção e
escolha se consolidem.
5. Formação
dos Sentidos: No corpo dos animais superiores, obra-prima de supervisão e
construção dos Arquitetos do Espírito, no transcurso dos séculos, a consciência
fragmentária acrisola, então, os sentidos.
Findo
longo período de trabalho, afirma-se o tato, por sentido cutâneo essencial, a
espraiar-se por toda a pele. Esta se converte em superfície receptora, com
variadas terminações nervosas que se salientam por extrema complexidade, desde
as arborizações simples até os corpúsculos especializados que se localizam
dentro da derme, utilizando células especiais, em comunicação incessante com o
cérebro,
para que as sensações táteis constantes possam defender os patrimônios da vida.
Adestrada
a atenção, o animal na esfera física e na esfera extrafísica elabora, por
atividades reflexas, várias substâncias que lhe excitam os centros receptivos, definindo os
chamados “sentidos químicos”, a culminarem no olfato e no gosto.
No
epitélio olfatório, as células basais, as de sustentação e as olfativas, sobre
as glândulas de Bowman, que se encarregam de fornecer o muco necessário à
discriminação dos elementos odoríferos, operam a seleção das propriedades aromáticas
das substâncias, e, no dorso da língua, na epiglote, na face posterior da faringe
como no véu do paladar, os corpúsculos gustativos, guardando as células
epiteliais de sustentação e as células gustativas, associados às pequenas
glândulas salivares, fazem o registro das substâncias destinadas à nutrição.
6. Visão
e Audição: O sentido da vista, admiravelmente fixado, passa a permitir a
constituição das imagens dos objetos na retina, segundo um “sistema dióptrico”,
aperfeiçoando-se as células receptoras da luz, cujo impulso nervoso alcança as
vias ópticas, transportando as imagens captadas até à profundez do cérebro,
onde a mente incorpora as interpretações que lhe são próprias e analisa-as, plasmando observações
para o arquivo da memória e da experiência.
E a
audição, alicerçando-se em órgão complexo, consolida-se no ouvido interno
(protegido pelo ouvido externo e pelo ouvido médio), em que o tubo coclear, a
dividir-se em três compartimentos, vai encontrar as células evoluídas dos
órgãos de Corti e as fibras nervosas do acústico encarregadas de transmitir as
vibrações sonoras que atingem o ouvido médio, em estímulos nervosos, a saírem
através do nervo auditivo na direção da mente, que realiza a seleção dos
valores atinentes às sensações de tom, intensidade e timbre, estabelecendo, em seu
próprio favor, vasta rede de reflexos condicionados com expressão decisiva em
seu desenvolvimento.
Sob a
orientação das Inteligências Sublimes, cada sentido se instala em organização
especial, formada de vários aparelhos e implementos. Também o cérebro
integral se organiza em lóbos diversos, com vasta margem de recursos para o
futuro, quando
a alma então nascente, em atividade instintiva na construção de seu próprio
veículo, se erigirá em consciência desperta com capacidade de utilizar as
vantagens potenciais que a Divina Sabedoria lhe oferta.
7. Microcosmo
prodigioso: Com o tempo, a Direção Espiritual da Vida consegue, enfim,
organizar, com mais eficiência, o sistema nervoso autônomo, regulando e
coordenando as funções das vísceras.
Estruturam-se
desse modo, primorosamente, a inervação visceral aferente e eferente e os
centros coordenadores, os sistemas simpático e parassimpático e as fibras pré e
pós-ganglionares de Langley, com os neurônios a edificarem vias
eletromagnéticas de comunicação entre o governo espiritual e as províncias
orgânicas.
Em todos
os ângulos do cérebro, esse microcosmo prodigioso, células especiais permanecem sob o
controle do espírito, assimilando os desejos e executando-lhe as ordens no automatismo
que a evolução lhe confere.
Desde o
grupo tectobulbar das fibras prê-ganglionares, saindo com os pares cranianos,
tecidas com neurônios no mesencéfalo, protuberância e bulbo e incluindo os
núcleos supra-ópticos, paraventriculares e a parede anterior do infundíbulo,
até o grupo sacro, com neurônios localizados na medula sacra, nervos especiais
funcionam como estações emissoras e receptoras, manipulando a energia mental,
projetada ou recolhida pela mente, em ação constante, nos domínios da
sensação e da idéia, em conexões e trajetos que a ciência do homem mal começa a
perceber, atuando
nos demais centros do “corpo espiritual” e nas zonas fisiológicas que os
configuram no veículo somático, através de circuitos reflexos.
No
diencéfalo, campo essencialmente sensitivo e vegetativo, parte das mais
primitivas do sistema nervoso central, o “centro coronário”, por fulcro luminoso,
entrosa-se com o “centro cerebral”, a exprimir-se no córtex e em todos os
mecanismos do mundo cerebral, e, dessa junção de forças, o espírito encontra no
cérebro o gabinete de comando das energias que o servem, como aparelho de
expressão dos seus sentimentos e pensamentos, com os quais, no regime de
responsabilidade e de auto-escolha, plasmará, no espaço e no tempo, o seu
próprio caminho de ascensão para Deus.
Texto psicografado em 12/02/1958 – Uberaba
Francisco Cândido Xavier