Nas Fronteiras da Loucura – 8 Parte

Nas Fronteiras da Loucura
Manoel P. de Miranda - Divaldo Pereira Franco
Centro Espírita Nosso Lar – Grupo de Estudos das obras
de André Luiz e de Manoel Philomeno de Miranda.

32. O ataque dos inimigos do bem

Os encarnados, diz Philomeno, transitavam por aqueles sítios, sem dar-se conta do que ocorria en­tre aquelas  árvores vetustas, noutra dimensão vibratória. O véu da carne constitui uma barreira à mais ampla percepção de realidade. Um sistema de alarme prevenia as invasões ou intromissões indébitas de hordas violentas, enquanto veículos especiais, trazendo os recém-co­lhidos para atendimento mais imediato, trafegavam com freqüência na  área protetora.

Em dado momento, próxima da entrada, mas além da bar­reira defensiva, uma turba de Espíritos levianos e vingativos ameaçava os vigilantes e atirava petardos que, felizmente, não conseguiam ul­trapassar as ondas repelentes que se elevavam acima dos muros, exte­riorizadas por aparelhagem própria. Eles blasfemavam e zombavam, agre­dindo verbalmente os trabalhadores diligentes. Pedidos irônicos de so­corro eram emitidos por aquelas Entidades em que a acrimônia e o sofrimento se misturavam, produzindo mal estar e compaixão.

Tudo, porém, em vão, porquanto os atendentes já acostumados àquelas cenas, não se deixavam perturbar. O irmão Genézio, encarregado do serviço, aprovei­tando o ensejo explicou que aqueles Espíritos constituíam grupos de desordeiros desencarnados muito perigosos. "Alguns, informou Genézio, são técnicos nos processos da chacota e da ironia, com que sabem insuflar desequilíbrio, a fim de colherem sintonia mental."

Esse com­portamento denunciava sua inferioridade moral. "Em nosso campo de ação, pululam companheiros infelizes, que se sentem propelidos às atitudes de revolta após o fracasso pessoal, afi­velando na alma as máscaras do cinismo e da rebeldia, derrapando na vala das reações escarnecedoras, com as quais se imunizam, momentaneamente, contra os sentimentos superiores, únicos a abrirem portas à renovação e caminhos à paz." (Cap. 7, pp. 59 e 60)

33. Prisioneiros da turba

Continuando seus comentários em torno da horda de Espíritos desordeiros que atacavam o Posto, o irmão Genézio afirmou que tais indivíduos são mais doentes do que eles supõem. "Não são insistentes, afirmou Genézio, porque irrequietos e an­siosos passam a vampirizar psiquicamente os grupos com os quais se ajustam e se afinam, permanecendo com eles em demorado comércio de forças fluídicas desgastantes."

Convidado a observar melhor a turba, Philomeno percebeu que entre os desordeiros havia um grupo de criatu­ras espirituais de aspecto horrendo, ultrajadas, que se faziam arras­tar em correntes umas, em cordas outras, e esse grupo grotesco era acompanhado por cães que ladravam, em atitude de perturbadora agressi­vidade. Genézio esclareceu: "Trata-se de Espíritos profundamente so­fredores, que lhes caíram nas mãos desde quando se encontravam encar­nados”.

Eram vítimas e comensais da súcia, embora transitassem em si­tuação relevante, trajando roupas de alto preço e ocupando situações invejáveis. Demais, controlavam destinos, manipulando recursos alheios; subtraíam documentos que falsificavam para atender a interes­ses inconfessáveis; regulamentos e leis que menoscabavam, sofismando sobre eles, de modo a atenderem às paixões inferiores. Triunfaram so­bre os fracassos dos outros; sorriram no mar das lágrimas dos a quem defraudavam; campeavam nos lugares de projeção, enquanto os dilapida­dos pela sua argúcia carpiam desespero e miséria; sentiam-se inatingi­dos."

O mentor explicou então que a morte os alcançou e os trouxe para a submissão de mentes mais impiedosas do que as suas e sentimen­tos mais impermeáveis do que aqueles que os caracterizavam. "Sofrem, o que fizeram sofrer...", asseverou Genézio. "Por algum tempo a cons­ciência sabe que necessitam da lapidação rude a que se submetem, pros­seguindo nos enleios que os prendem ao grupo afim." Logo, porém, que se abram ao desejo de reparar seus erros, de reconhecer sua incúria e de recomeçar, mudam de faixa vibratória e são resgatados pela Bondade Excelsa, que a ninguém esquece. (Cap. 7, pp. 60 a 62)

 34. O caso Genézio

Genézio Duarte, encarregado da vigilância ao portão principal, participava da equipe do Dr. Bezerra de Menezes, a quem se vinculara desde os dias de sua última encarnação naquela cidade. Espírita militante, trabalhara numa Sociedade que mantinha o nome do "médico dos pobres" e era dirigida espiritualmente pelo Amorável Benfeitor.

Cético, ele ali chegara macerado pelos conceitos mate­rialistas, sob a injunção de enfermidade pertinaz, recebendo naquela Casa orientação de tratamento homeopático de natureza mediúnica e os recursos da fluidoterapia, com o que obteve o restabelecimento pleno da saúde orgânica e, posteriormente, da saúde espiritual.

Afeiçoando-se ao infatigável mentor, cuja vida modelar o sensibilizara, dedicou-se ao estudo da Doutrina, passando depois à militância no movimento doutrinário e à sua vivência, quanto lhe permitiam as circunstâncias. Seu comportamento como espírita granjeou-lhe amigos devotados e atraiu simpatizantes e estudiosos para a Causa.

Por essa época experimentou a prova da viuvez, que soube suportar com elevada resignação e coragem, tendo padecido vicissitudes e sofrimentos diversos que ajudaram a la­pidar o seu Espírito, aproximando-o mais ainda do Amigo Espiritual, de quem recebia inspiração e ajuda.

Antes da desencarnação, tornou-se responsável pela Casa espírita, a que doou seus melhores esforços. Pa­lavra segura e portadora de conceitos elevados, suas palestras de es­tudo e consolação sensibilizavam os ouvintes, que renovavam os clichês mentais ante a meridiana luz emanada do “O Livro dos Espíritos” e do “O Evangelho segundo o Espiritismo”, que interpretava com beleza e corre­ção.

Quando retornou à pátria espiritual, após enfermidade persistente e demorada, foi recebido por Dr. Bezerra e seus familiares afetuosos, que o aguardavam em júbilo. Genézio era o triunfador de retorno ao Lar sob a expectação feliz dos amigos, visto que a Doutrina fora para ele alento e vida, e, descerrando os painéis da imortalidade, armara-o da sabedoria que propicia forças para a superação pessoal e vitória sobre as conjunturas difíceis. (Cap. 8, pp. 63 e 64)

35. Um exemplo positivo

Philomeno, relatando a experiência de Genézio, lembra-nos que não são poucas as pessoas que se acercam do Movimento Espírita desenformadas e, negando-se ao estudo sistemático do Espiritismo, preferindo as leituras rápidas, em que não se aprofun­dam, pretendem submeter a Doutrina ao talante das suas opiniões. O Espiritismo, graças ao seu tríplice aspecto, atende a todos os tipos de necessidade do homem terreno, oferecendo campo de reflexões e res­postas em todas as  áreas do conhecimento, além de contribuir de forma eficaz para a eliminação dos mitos e tabus contra os quais luta a ciência.

Separá-lo, pois, de qualquer uma das suas faces‚ é o mesmo que o desfigurar. O exemplo de Genézio Duarte é expressivo. Constatada a legitimidade da sobrevivência da alma, adentrou-se pelo estudo da sua filosofia, enquanto prosseguiam as experiências no campo da mediuni­dade para incorporar à vivência pessoal o comportamento ético-reli­gioso proposto pela Doutrina.

Habituado à fé responsável e ao clima de trabalho, ajustou-se com facilidade à Esfera definitiva, onde pediu e obteve do seu Amigo e Instrutor permissão para engajar-se na ação pro­fícua do bem, a que já vinha se dedicando nos últimos vinte anos.

Cha­mado por Dr. Bezerra, Philomeno o acompanhou no atendimento de urgên­cia a uma jovem mulher em estado de coma. Ao lado da enferma encon­trava-se veneranda anciã que parecia ser sua avó. A jovem desencarnara havia pouco mais de quatro horas.

Cessado o intercâmbio do fluido vi­tal com o corpo, seu Espírito fora retirado do local onde o cadáver permanecia. A jovem estava sendo preparada para uma pequena cirurgia que, segundo Dr. Bezerra, objetivava "drenar as cargas de energia ve­nenosa geradas pelo medo e que poderiam trazer demorada perturbação ao Espírito recém-liberto". (Cap. 8, pp. 64 a 66)

“A publicação do estudo continuará
nas próximas semanas”