Entender a Trindade é até fácil, crer nela é que é difícil
Há uma
história – verdadeira ou lendária? – sobre o grande médium Santo Agostinho. Ei-la: Ele teve uma
visão de uma criança transportando água do mar em uma folha de uma planta para
um buraco de formiga.
Diante
dessa cena estranha, ele perguntou à criança o que ela estava fazendo, e ela
respondeu que era mais fácil ela colocar toda a água do mar naquele buraquinho
do que ele entender o mistério trinitário cristão.
Com esse
absurdo, não teria ele querido ironizar essa doutrina, apesar de ele ter sido
um dos seus construtores? Deus é mistério sim, mas os teólogos ampliaram esse
mistério.
Segundo
os teólogos, o Espírito Santo é o amor do Pai para o Filho, e do Filho para o
Pai. Mas
Deus é também a causa primeira de todas as coisas. Então, Ele não pode ser
apenas o amor para com o Filho representado pelo Espírito Santo, Pessoa Divina,
ou seja, Deus no aspecto de Terceira Pessoa Divina trinitária.
E São
Tomás de Aquino, na “Suma Teológica”, não gosta da ordem de Pai-Filho-Espírito
Santo, mas desta: Espírito-Pai-Filho. Ele entende que Deus é Espírito e tem os
aspectos de Pai e Filho. Mas como esses aspectos de Pai e Filho, emanados ou criados pelo
Espírito Deus, podem ser duas Pessoas Divinas, formando três Pessoas Divinas,
contando-se com a Pessoa Divina do próprio Deus? Isso é a maior antropomorfização de
Deus da História!
Os teólogos
do Concílio de Éfeso (431) proclamaram que Jesus é Pessoa Divina e não humana, com o
que a Igreja Ortodoxa Oriental não concorda. E os teólogos afirmam que, “com razão, as
três Pessoas são três homens, porque a natureza humana não é a mesma numericamente
(quantitativamente) em cada um dos três”.
E ainda
afirmam que “as três Divinas Pessoas não são Deuses, porque a natureza divina é
numericamente a mesma em cada uma delas”. (O advérbio quantitativamente entre
parêntesis é colocação minha, num esforço para aclarar o assunto.)
Os
teólogos do Concílio de Calcedônia (451) sustentaram que Jesus não é Pessoa
humana, mas que Ele tem também natureza humana, além da divina. E o Concílio de Lyon
(1274) declarou o “Filioque”, que diz que o Espírito Santo procede do Pai e do
Filho, do
que a Igreja Ortodoxa Oriental discorda, alegando que o Espírito Santo procede só do
Pai. (Mais
detalhes em meu livro “A Face Oculta das Religiões”, Ed. Megalivros - EBM, SP.)
E um
detalhe sobre São Mateus, 28:19: Das citações de textos antigos desta passagem
por padres da Igreja não consta esta parte: “batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do
Espírito Santo”, mas apenas: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações”.
Parece
que dá para entender esse “pacote teológico misterioso” sobre Deus, embora os
próprios teólogos digam que isso é ininteligível. O difícil, porém, é concordarmos
com ele. E uma coisa é certa, com a criação do mistério desse tamanho a
respeito de Deus, os teólogos complicaram tanto Deus, que eles servem mais ao
materialismo do que ao espiritualismo e ao próprio Deus!