Terceira revelação, o fim da dualidade
O
espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas
irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com
o mundo corpóreo. (Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo I, item 5)
Ele
no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém ao contrário, como uma
das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma
imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio
do fantástico e do maravilhoso.
É a
essas relações que o Cristo alude em muitas circunstancias e dai vem que muito do que ele
disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a
chave com o auxilio da qual tudo se explica de modo fácil.
(...) O
Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-la
nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, mas sim pelos
Espíritos (...)
(Evangelho Segundo o Espiritismo, capitulo I, item 6)
Assim
como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o
Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução”. Nada ensina em
contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve completa e explica, em
termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. (Evangelho Segundo o
Espiritismo, capítulo I, item 7)
A
Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do
mundo material e a outra, as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo
princípio, que é Deus, não podem contradizer-se.
A
incompatibilidade que se julgou existir entre essas duas ordens de idéias
provém apenas de uma observação defeituosa e de excesso de exclusivismo, de um lado e de
outro. Daí um conflito que deu origem à incredulidade e à intolerância.
(Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo I, item 8)
São
chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo têm de ser completados; em
que o véu intencionalmente lançado sobre algumas partes desse ensino tem de ser
levantado; em
que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, tem de levar em
conta o elemento espiritual e em que a Religião, deixando de ignorar as leis
orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são apoiando-se uma na
outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso.
A
Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cada
uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam.
Faltava com que encher o vazio que as separava, um traço de união que as
aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o
Universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis
quanto as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres.
Nesse
sentido é possível inferir e classificar que a primeira revelação “espiritual”
por Moisés apresenta uma visão extremamente cartesiana, arraigada na causa e
efeito o que para alguns espíritas é perpetuado ainda hoje no aceitar o
determinismo e o fatalismo, quase um “olho por olho e dente por dente”.
A
segunda revelação “espiritual” por Jesus conduz o despertar em uma visão
relativista e seguidamente dualística. Apresenta a dualidade das coisas e dos mundos,
muda o ponto de vista e instaura a libertação na dualidade. Institui uma
realidade dual e inicia o educandário de luz quanto as melhores escolhas e
imprime em nosso psiquismo que o reino dos céus não é desta realidade e que não são
escolhas materiais, mas sim, escolhas espirituais.
Referenciando-se
ao contexto é possível correlacionar as três revelações com realidades do
psiquismo, “seguindo de materiais a espirituais”, possível ao espírito em seu
processo evolutivo, (Livro dos Espíritos, Parte II, Diferente ordem dos
espíritos e Escala Espírita, pergunta 96 a 118).
Moises,
Jesus e Espiritismo e o perfeito entendimento quanto a essa dualidade e as
escolhas de forma clara, onde Jesus estabelece o objetivo: Viver a realidade do
reino dos céus aqui e agora!
Com o
advento da Doutrina Espírita ocorre a instauração do entendimento ao fim da
dualidade nessa visão espiritual, esclarecendo ao ser em se ver espírito, como
sua condição real e natural, logo, a certeza da imortalidade da alma e a proposta consciencial
em sua depuração nas reencarnações.
Com os
estudos, caberia ao espírita que entendeu o processo da codificação espírita, se ver “Espírito”, em
sua natureza e assim como Jesus, declarar que seu reino, sua realidade não é
deste mundo
e que é preciso viver dessa forma em sua plenitude.
Cabe-nos
reter o entendimento quanto ao ponto de vista declarado nesse item e em todo o
capítulo, que
trata dessa realidade espiritual imediata e não, como é passível de
interpretação, uma realidade futura. (Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo II,
item V)
Einstein
determina para o mundo que matéria é energia e claramente validando-se a
relação que a energia é matéria também. (Revista Internacional de Espiritismo: setembro
2011 “Dualidade Onda e Partícula, a evolução em dois mundos”)
É a
realidade dual da luz e todas as coisas, que se expressa em sua
complementaridade como onda e/ou como partícula, na incerteza de si mesmo com um comportamento
de probabilidades e possibilidades em momentos de singularidades, alterando-lhe o
próprio tempo e espaço, segundo sua intensidade vibracional.
“...
Quanto mais se investiga a Natureza, mais se convence o homem de que vive num reino de ondas
transfiguradas em luz, eletricidade, calor ou matéria, segundo o padrão
vibratório em que se exprimam. Existem, no entanto, outras manifestações da luz, da
eletricidade, do calor e da matéria, desconhecidas nas faixas da evolução
humana, das quais, por enquanto, somente poderemos recolher informações pelas
vias do espírito.” (Mecanismos da Mediunidade, de Andre Luiz)
É
possível correlacionar três níveis de visão cientifica e filosófica: A primeira revelação
com Moises
é determinística e cartesiana. A segunda revelação com Jesus avança e transcende no
tempo e espaço relativista, apresentando a visão dualística, avançando e nos
preparando para terceira revelação em suas possibilidades probabilísticas, onde é uma revelação
de características “quânticas”, logo: O fim da dualidade.
A idéia
de terceira revelação como a real possibilidade de uma visão mais profunda
quanto a “percepção” tátil e equivocada do que se considera ser “realidade”. Na Doutrina Espírita
é expresso que a vida real é a vida espiritual e que aqui é “copia” de lá, mera expressão
incompleta de uma realidade maior e plena de infinitas possibilidades.
João
8.43, Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois
incapazes de ouvir a minha palavra. Para entender essa realidade do cristo é preciso aceitar
essa dualidade e na Doutrina Espírita se abster da dualidade e transcender a
visão material do mundo.
O
espiritismo em sua prerrogativa como a terceira revelação, possui em si os três
níveis de entendimento em três níveis de consciência. Partindo do despertar
em Moises com uma visão determinística, em Jesus impulsionando a relativizar
todas as coisas em sua analise dual, entender as possibilidades no dualismo a
fazer escolhas conscienciais (Livro dos Espíritos, pergunta 621)
Consubstanciando
na Doutrina Espírita como a terceira revelação, na transcendência da relação
física e natural (onda-partícula), aceitando a dualidade como expressão de dois
momentos em uma mesma realidade: Imortalidade da alma e a reencarnação como
ferramenta para o progresso e evolução espiritual.
Com o
auxilio do Cristo nessa possibilidade de relativização do ponto de vista e
alteração do próprio espaço-tempo, seguindo a sua visão transcendental em
plenitude, alterando para si a própria realidade, percebendo-se Espírito
em experiência material e não mais um ser material em experiência espiritual. Possibilitando e
potencializando a perceber Jesus além da sua forma e sim já compartilhar a sua
essência, a sua consciência crística e a sua verdade.
Paulo,
Gálatas 2:20 Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim (...)
Para esse entendedor da terceira revelação, desperto em sua consciência
crística, a
medida que se vê espírito, um ser atemporal, todas as questões materiais que
são temporais e transitórias, passam a ter menor peso e se transformam de
elementos ilusórios tangíveis para ondas de possibilidades intangíveis.
Ainda
embotado em si mesmo, detentor de possibilidades infinitas a alcançar lumes de
vivencias espirituais, resiste em permanecer aos contextos mosaicos e
fatalistas. Padecendo preso ao processo de despertamento que de forma
recorrente, é ser consciente que já despertou inúmeras vezes, mas preferiu
mesmo assim voltar a dormir reencarnado, que acordar em espírito.
Existindo
ordem na desordem entrópica, vivendo na negação da entropia, realizando-se em
espírito e em verdade. Estabelecendo essa unicidade quântica, posicionando-se como uma
consciência crística que colapsa a função de onda. Na tendência do vir a
ser e ganhar a possibilidade libertadora, a mesma possibilidade libertadora que
Jesus nos convida incansavelmente.
A
terceira revelação é se manter acordado, desperto em qualquer situação... É estar
com Jesus e viver cristicamente como assinalou Paulo em Gálatas 2:20. É necessário mudança
de padrão mental para construir uma nova realidade, a terceira revelação, a
Doutrina Espírita, possibilita essa mudança de padrão mental de forma raciocinada e
objetiva,
estar focado no objetivo para não se distrair no processo.
Amar a
Deus (espírito) sobre todas as coisas (matéria)... E ao próximo (espírito) como
a si mesmo (se vendo espírito). Um convite, um estímulo à permanência
espiritual, mesmo na vivencia dualística.