O Evangelho segundo o Espiritismo
Adolfo, bispo de Alger, Bordeaux, 1864
A
beneficência, meus amigos, vos dará neste mundo
os mais puros e os mais doces prazeres, as alegrias do coração que não são perturbadas
nem pelo remorso, nem pela indiferença.
Oh! se
pudésseis compreender tudo quanto de belo e de doce a generosidade das boas
almas encerra, esse sentimento que
faz com que vejamos os outros como vemos a nós mesmos, e que tiremos o
agasalho com alegria para cobrir um irmão! Pudésseis, meus amigos, ter apenas a
doce preocupação de fazer os outros felizes!
Quais
são as festas do mundo que podereis comparar a essas festas radiosas quando, tornando-vos representantes da divindade, levais alegria
a essas pobres famílias que, da vida, só conhecem as vicissitudes e as amarguras;
quando vedes, de súbito, se iluminarem de esperança esses rostos desanimados,
porque não tinham pão; esses infelizes cujos filhos pequenos, ignorando que
viver é sofrer, gritavam, choravam e repetiam estas
palavras, que se enterravam em seu coração materno como uma espada afiada:
Tenho fome!....
Oh!
Compreendei quanto são deliciosas as impressões daquele que vê renascer a
alegria onde, um momento antes, só havia desespero! Compreendei
quais são as obrigações que tendes para com os vossos irmãos! Ide, ide ao
encontro do infortúnio; ide, principalmente, em socorro das misérias escondidas,
porque são as mais dolorosas. Ide, meus bem amados, e lembrai-vos destas
palavras do Salvador: Quando vestirdes um
destes pequenos, lembrai que é a mim que o fazeis...
Caridade, palavra sublime que resume todas
as virtudes, és tu que deves conduzir os povos à felicidade; ao te praticarem,
eles criarão infinitas alegrias para o seu próprio futuro, e, durante o exílio
desses povos na Terra, serás para eles a consolação, a antecipação das alegrias
que gozarão mais tarde, quando todos juntos se abraçarem no seio do Deus de
Amor.
Foste
tu, virtude divina, que me
proporcionaste os únicos momentos de felicidade que desfrutei sobre a Terra. Que os meus irmãos
encarnados possam acreditar na voz do amigo que lhes fala e lhes diz: é na caridade que deveis procurar a paz do coração, o
contentamento da alma, o remédio contra as aflições da vida.
Oh!
quando estiverdes a ponto de acusar Deus, lançai um olhar ao redor de vós, vede
quanta miséria há para aliviar, quantas pobres crianças sem família, quantos
velhos que não têm uma só mão amiga para socorrê-los ou lhes fechar os olhos
quando a morte chegar! Quanto bem a fazer!
Oh! não vos queixeis, ao contrário, agradecei a Deus, e distribuí prodigamente,
a mãos-cheias, a vossa simpatia, o vosso amor, o vosso dinheiro a todos aqueles que,
desprovidos dos bens deste mundo, definham no sofrimento e no isolamento.
Colhereis
alegrias bem doces aqui na Terra, e mais tarde...
só Deus
o sabe!...