A promulgação da Lei Áurea
foi da mais alta importância, por tratar-se
Jesus
determina que a Terra do Cruzeiro se povoasse de raças
humildes do planeta, buscando a colaboração dos povos sofredores das regiões
africanas;
aproximou Portugal daquelas raças sofredoras, sem violências de qualquer
natureza.
O homem
branco da Europa, prejudicado por uma educação espiritual condenável e
deficiente, procura eximir-se aos trabalhos pesados da agricultura, alegando
o pretexto dos climas considerados perniciosos. Humilham os seus irmãos em face ao
comércio escravo.
Mas, os
que praticaram
o nefando comércio sofrerão, igualmente, o mesmo martírio, nos dias do futuro, quando forem também
vendidos e flagelados em identidade de circunstâncias. Não podemos esquecer que
existe o instituto imortal da justiça divina, onde cada qual receberá de conformidade
com os seus atos.
Humberto
de Campos (Espírito) descreve as sucessivas provações que se abateram sobre Portugal
e sua gente,
que desse modo expiavam a dor imposta aos africanos escravizados, e por fim
observa:
“Os
filhos da África foram humilhados e abatidos, no solo onde floresciam as suas
bênçãos renovadoras e santificantes; o Senhor, porém, lhes sustentou o coração
oprimido, iluminando o calvário dos seus indizíveis padecimentos com seu inesgotável amor.
Através
das linhas tortuosas dos homens, realizou Jesus os seus grandes e benditos
objetivos,
porque os negros das costas africanas foram uma das pedras angulares do
monumento evangélico do Coração do Mundo.
Sobre os
seus ombros flagelados, carrearam-se quase todos os elementos materiais para a
organização física do Brasil e, do manancial de humildade de seus corações resignados
e tristes, nasceram lições comovedoras, imunizando todos os espíritos contra os
excessos do imperialismo e do orgulho injustificáveis das outras nações do
planeta, dotando-se
a alma brasileira dos mais belos sentimentos de fraternidade, de ternura e de
perdão.”
Princesa
Isabel na decretação da chamada Lei Áurea,
revoga em 13 de maio de 1888
a legislação que permitia até então a existência da
escravidão em nosso país.
Em abril
de 1988, um mês antes da comemoração do primeiro centenário da Abolição da
escravatura no Brasil, o Jornal “O Imortal” publicou a entrevista com Mãe Izabel (espírito)
que acompanhada de Bezerra de Menezes apresenta-se através da médium Irene Carvalho,
de Brasília, DF.
“Diletos
irmãos, Abençoe-nos Jesus em
Sua Luz.
O
momento é de profunda reflexão. Neste instante, ainda ouço o clamor do negro escravo,
que mesmo depois de liberto chorava suas dores, sem ter para onde ir. Reporto-me a esses
dias com muita emoção.
Ao
assinar a Lei Áurea, a minha mão foi conduzida por outra mão mais forte. Uma enorme força
brotou dentro de mim e mesmo que eu quisesse não poderia retroceder. Foi um
momento de enorme emoção e eu chorei.
O Brasil
é sem dúvida um país de grandes dimensões e haverá lugares para todos, se houver,
realmente, uma compreensão maior por parte daqueles que o governam. Dirijo-me a eles, em
especial, afirmando que a palavra empenhada recebe na Espiritualidade o selo dos grandes
compromissos, severamente inadiáveis. Que ninguém se iluda, pois a cobrança dos
débitos será sempre feita.
Que a
semeadura do Evangelho chegue também aos corações dos políticos e atinja as crianças
que percorrem as ruas dos grandes centros em busca do pão e da verdade,
escravas da fome e do vício. Para elas a única verdade é fugir do abandono.
Alimentá-las não é o suficiente, mas sim possibilitar-lhes um mundo melhor. Uma
vida equilibrada para os escravos dos novos tempos só será possível
numa sociedade voltada para o bem e a fraternidade.
Quem não
recebe amor não o pode dar a outrem. Os que fecham os olhos a essa dura
realidade, de adultos e crianças subjugados a condições subumanas, e especialmente os
que se comprazem na existência de tal condição, por fazer dela sua base de
lucro e promoção pessoal, estes, sem dúvida, podem ser considerados os novos
feitores, como os de outrora...
Mãos à
obra, brasileiros. Que o anjo Ismael continue a proteger essa terra gigantesca, que dia a dia se
destaca das demais, convergindo tantas atenções e atraindo múltiplas famílias
estrangeiras que jamais a deixam.
Que o 13
de maio seja lembrado como uma data simbólica, que nos desperte para as mais nobres
realizações de libertação do ser humano e não como um grito de angústia. Dia há de
chegar em que todos na Terra se abraçarão como irmãos.
Muita
alegria! Mãe Isabel.”