Nas Fronteiras da Loucura – 11 Parte

Nas Fronteiras da Loucura
Manoel P. de Miranda - Divaldo Pereira Franco
Centro Espírita Nosso Lar – Grupo de Estudos das obras
de André Luiz e de Manoel Philomeno de Miranda.

45. O caso Fabio

D. Ruth, a atenciosa avó de Fábio (um dos jo­vens vitimados no desastre), permitiu a Manoel P. de Miranda entender qual fora o mecanismo pelo qual Dr. Bezerra havia sido cientificado da ocorrência. Como se sabe, ela tentou desviar o curso do desastre. Como não obteve sucesso, pôs-se então a orar, recorrendo pelo pensamento à ajuda do Posto Central, dedicado a essas emergências.

Os aparelhos se­letores de preces e rogativas registraram o apelo, e um sinal, na sala de controle, deu notícia da gravidade e urgência do pedido. Decodifi­cado imediatamente pelos encarregados de tradução das mensagens, um assistente levou o fato ao Mentor Espiritual.

O mecanismo de comunica­ção fazia-se nos mesmos moldes do adotado entre os desencarnados, mas Philomeno pôde entender que o intercâmbio mental lúcido não é tão corriqueiro, especialmente em campo de ação como aquele, em que eram for­tes as descargas psíquicas do mais baixo teor.

Esse era um dos fa­tores que impuseram a edificação daquele Posto. D. Ruth contou tam­bém que fora, em vida anterior, mãe de Fábio, que desencarnara então aos 40 anos, após muitos abusos e irresponsabilidades, razão pela qual foi levado a estagiar em redutos de sombra e dor, na Erraticidade in­ferior, por quase trinta anos.

Quando ela retornou à pátria espiri­tual, conseguiu que ele fosse preparado e recambiado outra vez à vida corpórea, para atenuar-lhe as faltas e amortecer as impressões mais duradouras daqueles anos sofridos. Foi assim que Fábio renasceu, agora na condi­ção de neto de sua antiga mãe e benfeitora. (Cap. 11, pp. 86 e 87)

46. O efeito das drogas

D. Ruth entendia que a dor que agora batia à porta dos atuais pais de Fábio significava também a presença da justiça alcançando-os, em razão de sua conivência passada com o comportamento do filho. Ninguém dilapida os dons de Deus, permanecendo livre da reparação. Dr. Bezerra, que exami­nara o motorista, não teve dúvidas em afirmar que aquele jovem buscara o acidente, em razão da ingestão de drogas.

Apontando-lhe a  área dos reflexos e ações motoras, o Mentor informou: "Ei-la praticamente blo­queada, após a excitação provocada pelas anfetaminas que foram usadas, sob forte dose venenosa, que terminaria, ao longo do tempo, por afetar os movimentos, provo­cando paralisia irreversível".

E esclareceu: "As drogas liberam compo­nentes tóxicos que impregnam as delicadas engrena­gens do perispírito, atingindo-o por largo tempo. Muitas vezes, esse modelador de formas imprime nas futuras organizações biológicas lesões e mutilações que são o resultado dos tóxicos de que se encharcou em existência pre­gressa".

Dr. Bezerra disse então que a dependência gerada pelas drogas desarticula o discernimento e interrompe os comandos do centro da von­tade, tornando seus usuários verdadeiros farrapos huma­nos, que abdicam de tudo por uma dose, até à consumpção total, que prossegue, no en­tanto, depois da morte.

"Além de facilitar obsessões cruéis, acrescentou o Mentor, atingem os mecanismos da memória, bloqueando os seus arquivos e se imiscuem nas sinapses cerebrais, respondendo por danos irreparáveis. A seu turno, o Espírito registra as suas emanações, através da organização perispiritual, dementando-se sob a sua ação corrosiva."

O rapaz que dirigia o veículo já se habi­tuara ao uso de drogas fortes, que lhe danificaram o perispírito. Fá­bio estava apenas começando. Após passar pela experiência do uso da ma­conha, experimen­tava então anfetaminas perigosas, o que lhe produziu, inicialmente estímulo e logo depois, entorpecimento. "Eis porque não sintonizou com a interferência psíquica da irmã Ruth." (Cap. 11, p. 88 e 89) 

47. Desespero e dor no lar de Ermance

Recomendando que o re­curso do passe anestesiante fosse repetido de hora em hora, com o ob­jetivo de vitalizar os cinco pacientes desencarnados, fortalecendo-os para os próximos embates, Dr. Bezerra convidou a todos para a oração coletiva no Posto Central, quando o relógio assinalava 6h da manhã de terça-feira de Carnaval. Enquanto orava, diamantina claridade envol­vente se irradiava do Dr. Bezerra, restaurando as forças e vitalizando a todos para os cometimentos porvindouros.

Algumas horas depois, ele foi procurado pela irmã Melide, que retornava do lar de Ermance, onde a angústia se instalara. Como os amigos da jovem não a haviam encon­trado, volveram à casa dela e cientificaram seus pais do ocorrido. A inquietação tomou conta do casal, que não sabia o que fazer. Já  era dia quando o pai da jovem foi à Delegacia Central. Às 9h o cadáver foi encontrado.

Informado do fato, o genitor foi ao Necrotério, onde fez, em estado de grande aflição, o reconhecimento da filha. Melide contou então que sua filha (a mãe de Ermance) foi acometida de pânico, dei­xando-se abater em terrível desespero, logo que recebeu do marido a notícia.

Havendo desmaiado, providenciou-se um médico que velava à sua cabeceira, ministrando assistência especializada. Após ouvi-la, Dr. Bezerra propôs fossem ver Ermance. Ao pé do leito, um enfermeiro in­formou que a paciente, subitamente, começou a dar sinais de inquieta­ção, como se experimentasse forte pesadelo.

Dr. Bezerra aplicou-lhe recursos fluídicos e recomendou à irmã Melide ser de todo conveniente despertá-la para o primeiro encontro com a realidade, de modo a interromper a comunicação com o lar, donde chegavam pungentes apelos, quais dardos que a alcançavam, dilacerando-lhe as fibras íntimas e fazendo-a reviver as cenas que culminaram com a desencarnação. (Cap. 11 e 12, pp. 89 a 91)

48. O despertar de Ermance

Após terem sido ministrados recursos que dispersaram os fluidos soníferos, Ermance despertou, um tanto atur­dida, com sinais de disritmia cardíaca, muito pálida e com a respira­ção ofegante. Ao ver a avó, a surpresa se lhe estampou na face e, sem qualquer receio, distendeu os braços e falou: "Deus meu! Es­tou so­nhando. Vovó querida, ajude-me!..."

Melide a abraçou com indescrití­vel ternura. Ermance queixou-se, súplice: "Fui raptada e querem matar-me. Tenho muito medo. Quero voltar para casa". E pror­rompeu em do­rido pranto. A avó, sem se perturbar, falou-lhe: "O rapto não se con­sumou, meu bem. Tudo está  bem. Estamos juntas. Você voltará  para casa logo mais. Agora acalme-se e lembre-se da oração".

Denotando menos pa­vor sob a indução magnética da palavra e da irradiação cal­mante que recebia, Ermance imaginou que sonhava: "Estou sonhando com você, vovó. Que bom!" A avó redargüiu: "De certo modo, você está  des­pertando de um sonho demorado no corpo, a fim de adentrar-se na reali­dade maior da vida." Assustada, a jovem retrucou: "Digo sonho, por­que você já mor­reu". E o diálogo prosseguiu assim, nesse diapasão, em que a gene­rosa avó iniciava a neta querida nas realidades da vida espiritual, com todo o tato, para não chocá-la.

Depois de afirmar-lhe que o corpo é frágil veste que se rompe, libertando o ser espiritual, que é indes­trutível, Melide informou: "Você agora, filhinha, ficará  comigo respi­rando novo ar, longe da doença, do medo, da aflição que logo baterão em retirada. Você está  viva, não esqueça, e lúcida, sob o carinhoso amparo de Deus".  Denotando receio, a jovem suplicou: "Não quero morrer, vovó!". "Não vais morrer, minha querida. Você está  livre, viva... Já  venceu a morte", respondeu-lhe a avó.

Ermance pareceu então desmaiar, mas ainda assim balbuciou que queria ir para casa, o que fez com que Melide, acarinhando sua cabeça, lhe dissesse com imensa do­çura: "Irá, sim. Iremos juntas. Tudo está  bem. Encontramo-nos mergu­lhadas no amor de Deus, que nunca nos desam­para. Durma, esquecendo as aflições do mundo, para sonhar com as ale­grias do Céu. Descanse, meu amor". A jovem então adormeceu. (Cap. 12, pp. 92 e 93)

49. Autópsia e sofrimento

Ermance dormia, mas seu sono era en­trecortado de soluços. Dr. Bezerra começou então a aplicar-lhe ener­gias sedativas, que anestesiaram o Espírito, precatando-o dos sofri­mentos e apelos vigorosos que por algum tempo chegariam dos pais, du­ramente vergastados pela tragédia.

Posteriormente, o Mentor dirigiu-se à capela onde o cadáver da moça era velado, ocasião em que auxiliou os pais atoleimados, infundindo-lhes ânimo e robustecendo-os com forças que lhes propiciassem alento para os testemunhos purificadores. Graças à vigilância de Melide e outros cooperadores do grupo, o corpo da jo­vem escapou à vampirização de suas últimas energias por Espíritos in­ditosos.

De volta ao Posto Central, Philomeno pôde acompanhar o processo de adaptação dos jovens acidentados e observou então que os Es­píritos, mesmo distanciados dos corpos, retratavam as ocorrências que os afetavam durante a autópsia. O motorista, por ser incurso em maior responsabilidade, manteve-se em sono agitado por todo o tempo e expe­rimentou as dores que lhe advinham da autópsia.

Embora contido por en­fermeiros diligentes, sofreu os cortes, os golpes nos tecidos e as costuras. Ninguém há que se encontre isento à responsabilidade pelos erros cometidos! Há  autópsias em que Espíritos que se deixaram dominar pelos apetites grosseiros enlouquecem de dor, demorando-se sob os efeitos lentos do processo a que o cadáver é submetido, quando não fazem jus a assistência especializada.

Desse modo, cada um dos jovens, embora houvessem desencarnado juntos, experimentava sensações de acordo com os títulos que conduziam, de beneficência e amor, de extravagância e truculência. (Cap. 12, pp. 94 e 95)

50. Nossa cruz é intransferível

As autópsias demoraram mais de uma hora, durante a qual a assistência dos Benfeitores procurou dimi­nuir o sofrimento dos recém-chegados. Fábio, por ser menos comprome­tido, re­cebeu mais alta dose de anestésico, algo liberado das dores carnais que os outros, em maior ou menor escala, haviam sofrido.

Finda essa fase, volveram ao sono, embora em agitação. Na hora do traslado dos corpos para as providências do sepultamento, Philomeno pôde acom­panhar o despertar de quase todos, sob os duros apelos de pais e ir­mãos, par­tindo semi-hebetados, para os atender.

Dr. Bezerra expli­cou: "As nossas providências de socorro não geram clima de privilégio, nem pro­tecionismo injustificável. Cada um respira a psicosfera que gera no campo mental. Todos somos as aspirações que cultivamos, os la­bores que produzimos. O Senhor recomendou-nos dar a quem pede, abrir a quem bate, facultar a quem busca, dentro das possibilidades de mereci­mento dos que recorrem ao auxílio".

E ajuntou: "Quando albergamos os nossos jovens, na condição de humildes cireneus, objetivamos ampará-los da agressão perniciosa das Entidades vulgares, portadoras de sen­timentos impermeáveis à compaixão e à misericórdia. Mercê de Deus, consegui­mos o tentame. A cruz, porém, é intransferível, de cada qual. Podemos ajudar a diminuir-lhe o peso, não a transferi-la de ombros".

A agita­ção entre os pacientes era geral. Rápidas flechadas de forte teor vi­bratório alcançavam os rapazes, fazendo-os estremecer. O motorista su­bitamente apresentou uma fácies de loucura e, trêmulo, saiu dizendo coisas desconexas: fora atender aos que o chamavam sob chuvas de blas­fêmias e acusações impróprias.

Tendo sabido, pela Polícia, que ele ha­via ingerido alta dose de drogas, seus pais ficaram magoados e revol­tados. De todos, apenas Fábio e outro amigo foram poupados à presença do cadáver e às cenas fortes que se desenrolaram antes e durante o se­pultamento. Desperta-se, cada dia, com os recursos morais com que se repousa à noite. Além do corpo, cada Espírito acorda conforme o ama­nhecer que preparou para si mesmo. (Cap. 12, pp. 95 e 96)

51. A viúva revoltada

No último dia do Carnaval carioca, o movi­mento no Posto foi contínuo. Pôde-se recolher grande número de desen­carnados em lastimável estado que, no fragor das festas, se dava conta da inutilidade dos caprichos que sustentavam, chorando copiosamente em arrependimentos sinceros, inesperados.

Cansados da busca do fútil, despertavam para outros valores, recebendo imediato auxílio, desde que, onde se encontram as necessidades reais, logo surge o amparo pró­prio distendido em atitude socorrista. O homem é o artífice do seu destino, sendo feliz ou desventurado conforme eleja o procedimento que se deve impor.

Obviamente, a opção se faz de difícil vivência, quando escolhe a dignidade e o sacrifício dos interesses inferiores. Contudo, os júbilos que se fruem e as bênçãos que se colhem são maiores e mais compensadores do que quaisquer outras satisfações que experimentamos no mundo.

As 15 horas, Dr. Bezerra e Philomeno foram atender a mais um so­corro de emergência, solicitado por um companheiro do plano espiritual, o irmão Artur, eficiente médico na equipe de Benfeitores, desencarnado há  pouco mais de um lustro, e que aportara no Mundo Espiritual ca­racterizado por incontáveis ações de dignidade humana e filantropia.

Com menos de quarenta anos realizara uma obra relevante junto aos en­fermos, como missionário da Medicina, em Clínica Geral. Artur não ame­alhara fortuna, em razão da bondade inata. Muito estimado, vivia com dignidade, sem ultrapassar os limites do equilíbrio social. Ao desen­carnar, deixou no campo de lutas a viúva, igualmente jovem, e uma filha adoles­cente por quem nutria entranhada afeição.

A esposa fora-lhe uma provação bem suportada. Exigente e ambiciosa, rebelava-se por não alçar mais amplos, venturosos e infelizes vôos morais. Artur a ajudara com toda a franqueza do seu caráter diamantino, sem resultados expres­sivos, e continuava a ajudá-la, não conseguindo, porém, o quanto desejava. Nas crises de revolta que a assenhoreavam periodicamente, a viúva o inculpava, amaldiçoando-lhe as lembranças e não perdoando a própria filha por cultuar a memória paterna. (Cap. 13, pp. 97 e 98)

52. O suicídio frustrado

Sofrendo a incompreensão da genitora,  a jo­vem sensibilizou-se com a afeição sem profundidade de um colega de fa­culdade e consorciou-se, estimulada pela mãe, aos dezoito anos. Como o rapaz não dispusesse de recursos, a sogra ofereceu a casa para que nela ficassem, até que as circunstâncias melhorassem. A convivência ali, no entanto, perigava a olhos vistos. Ao pedir a ajuda do Dr. Beze­rra, Artur informou que sua filha tentara o suicídio, pouco antes, e fora levada de urgência ao Hospital Souza Aguiar.

“Rogo providencial socorro para ela, adiu, emocionado, conforme a vontade de Deus. Será um desastre, se ela retornar nesta condição". Dr. Bezerra con­centrou-se, como se recolhesse informações e diretrizes, e em seguida partiu em direção ao referido Nosocômio. Noemi, a filha, havia tentado cortar os pulsos, mas recebia ali a devida assistência. Sua respiração era débil, quase imperceptível pela brutal hemorragia que fora contida parcialmente com torniquetes providenciais.

Subitamente, porém, um dos médicos que olhava o Osciloscópio exclamou: Parada cardíaca! Massa­gem depressa.  Naquele exato momento, a jovem, quase totalmente desprendida do corpo, agitava-se freneticamente, sob domínio de impe­nitente obsessor, que lhe gritava: "Quiseste morrer e assim será . Não escaparás. Não volverás ao corpo infame que desdenhaste. Agora é co­nosco".

Enquanto prosseguiam as massagens sem resultado, o cirurgião solicitou o cárdio-inversor elétrico para aplicação de choques, na es­perança de reavivar o músculo cardíaco. Dr. Bezerra aproximou-se então do algoz e deixou-se perceber. O Espírito cruel, defrontando-o, blaso­nou: "Ela é minha. Ninguém a tomará  de mim. Veio às minhas mãos por livre e espontânea vontade. Não a deixarei!"

O Mentor replicou: "Não sou eu quem te tomará  o ser que amesquinhas, senão o Nosso Pai, Senhor de todos nós. A hora não é chegada para que ela retorne. Desse modo, se a reténs, serás o responsável pelo crime de homicídio consciente. Além do mais, o acontecimento será como quer o Criador e não como de­sejemos nós. Esta é a tua vez de ceder" (Cap. 13, pp. 99 e 100)

53. A vitória do amor

A voz do Dr. Bezerra era gentil, mas deci­dida, suave, porém segura. O carrasco, contudo, estremeceu e retru­cou: "Não a cederei. Só à força. Venha tomá-la". O desafio chocou os que assistiam à cena e atraiu entidades perversas e vagabundas que por ali passavam e começaram a chacotear. O Mentor, sem ressentimento ou desprezo pelo malfeitor, silenciou, em prece de profundo recolhimento, enquanto o irmão Artur semi-incorporava o médico terreno, que aplicou a primeira descarga elétrica na  área do coração.

O corpo da jovem foi sacudido com violência, após o que recebeu a segunda dose. Dr. Bezerra começou a irradiar poderosa luz que, saindo do seu plexo solar, inun­dava a sala de forte claridade espiritual. "Em nome de Deus, orde­nou, então, devolva esta jovem ao seu corpo!". A Entidade da treva ficou paralisada sem compreender a ocorrência e soltou o Espírito da enferma, que sentiu o impacto das descargas elétricas e o forte apelo da matéria debilitada, parecendo, à visão de Philomeno, que era vio­lentamente sugado pelo invólucro carnal.

O coração voltou então a pul­sar, fraco a princípio, mais regular depois, permitindo a conclusão do atendimento cirúrgico. Um pranto de júbilo tomou conta de Artur, e Dr. Bezerra, sem demonstrar vitória alguma, disse ao malfeitor desencar­nado:

"A vida é patrimônio de Deus e todos nos encontramos situados nela com propósitos superiores que nos estão reservados. Todos condu­zimos enganos lastimáveis, que são frutos da nossa ignorância, igua­lando-nos, de certo modo, nos erros e diferenciando-nos nos acertos. A sua anuência, meu amigo, é abençoado acerto, que lhe descerra oportu­nidade nova, de que todos podemos gozar. O bem é inexaurível nascente, que flui sem cessar, sempre melhor para quem o distende aos outros. Observe, agora, em nome de Deus".

Grande silêncio se abateu sobre a sala; as Entidades ruidosas calaram-se; a luminosidade permanecia. Eis que, então, uma menina que desencarnara com a idade de oito anos, aproximadamente, penetrou o recinto, acompanhada de veneranda Enti­dade. A pequenina ergueu os braços e dirigiu-se ao Espírito surpreso: "Papai! Paizinho, meu paizinho!" Ele, aconchegando-a ao peito, res­pondeu: "Filhinha! Alma da minha alma! Mamãe!"

E afogou-se em pranto de emoção superior, desde há muito represado. A anciã era sua mãe que lhe trazia a filhinha inesquecível. Os três afetos recobravam o tempo da longa separação e saudade em demorado abraço, enquanto Noemi, anestesiada, era removida para a UTI. A mãe beijava o filho, a "ovelha que se extraviou" e agora "fora encontrada", en­quanto ele, sem conter as lágrimas, não conseguia falar. (Cap. 13, pp. 100 a 102)

“A publicação do estudo continuará
nas próximas semanas”