Do livro Mediunidade: desafios e bênçãos
Manoel P. Miranda (espírito) e Divaldo P. Franco
Em
aditamento ao enunciado que assevera que os espíritos interferem nas vidas
humanas, afirmamos
que esse intercâmbio é resultado da ressonância que se exterioriza dos fulcros
pensantes do ser na transitoriedade carnal.
Interagem
as vibrações que são exteriorizadas pelos homens e pelos espíritos, retornando como
“partículas de psicotrons” dirigindo-se ao epicentro gerador de energias.
Esse
retorno caracteriza-se
pela intensidade do campo vibratório atravessado pela onda de que se faz veículo,
facultando o processo de intercâmbio na faixa em que se situa, identificando-se com
outras mentes desencarnadas que se movimentam na esfera extrafísica.
Como
decorrência, a obsessão sutil é um instrumento hábil de que se utilizam as
mentes forjadas de objetivos negativos e que planejam entorpecer os ideais de
sublimação e impedir a marcha do progresso.
Naturalmente,
os
indivíduos menos esclarecidos reagem dizendo que tal interferência anularia o
livre-arbítrio dos homens, que se converteriam, sem o desejar, em marionetes sob controle
dos desencarnados.
O
argumento não procede, por motivos muito claros. Somente há intercâmbio quando os
envolvidos estabelecem a mesma identificação de conteúdo vibratório, no caso, de ordem
moral. A ressonância é o retorno de uma onda que, ao ser enviada, volve ao
ponto de procedência e encontra a mesma qualidade vibratória com a qual se
identifica.
Façamos
uma digressão: na fase primária do ser, o mesmo emite ondas e impulsos primitivos.
Pela dificuldade do discernimento entre o Bem e o Mal, a predominância dos
fatores ancestrais conduz, etapa a etapa, o pensamento que se vai
desenovelando, qual uma semente que se entumece no solo, para lentamente romper
o claustro, distender raízes para baixo, a fim de fixar-se no solo, nutrir-se,
enquanto a plântula se ergue com o objetivo de romper a terra que lhe parece
impedir o desenvolvimento.
Atendendo
aos impulsos latentes, ao heliotropismo (mobiliza
o reino vegetal para a luz) e aos recursos mesológicos, a semente germina, mas não
pode fugir aos fatores que a constituem. O espírito, na sua marcha de evolução, tem
mais instintos do que razão. À medida que pretende ascender, não raro permanece fixado
nesses instintos em predominância em a sua natureza ancestral.
Nas
fases mais adiantadas do pensamento, diminuem, sem qualquer dúvida, as fixações
anteriores
e ampliam-se lhe as possibilidades de crescimento graças ao Deotropismo(inerência que o impele inapelavelmente para Deus).
Se, no
entanto, os atavismos permanecem subjugando-o, mesmo que a mente lúcida se
desenvolva na área do intelecto, a emoção que decorre do hedonismo e do
primitivismo faculta-lhe a sintonia com os espíritos perturbadores do seu nível
moral, e
as obsessões campeiam sem que haja violência ao livre-arbítrio, porque embora a
mente aspire ao ideal, o sentimento permanece submetido às paixões inferiores.
Nessa
digressão, observamos que o livre-arbítrio nunca é violentado quando preponderam os
vínculos da delicada ou da violenta perturbação espiritual.
Graças à
sintonia, nos processos das decisões humanas e em face do exposto, cada pessoa sintoniza
com a faixa de luz, de sombra ou de inquietação em que se compraz experimentando
a resposta imediata daquela zona onde o apelo mental chegou ou o emocional se
detém, estabelecendo a vinculação do “plugue com a tomada” perispiritual.
Enfermidades,
desaires, paixões, boa ou má sorte no esquema cármico têm estruturas de
intercâmbio espiritual de acordo com o padrão de excelência ou de negativa
qualidade.
Quantas decisões funestas, depressivas, negativas, estão sob o comando de
natureza externa aquele que as assume, assim como tantas outras saudáveis,
positivas, otimistas, igualmente sob a direção das mentes promotoras do progresso!
A
terapia curadora, por sua vez, é o romper da onda mental perniciosa, para sair da tutela
nefasta da mente exploradora que se locupleta em anatematizar ou afligir, conspirando
contra a paz de quem lhe tomba nas malhas bem urdidas do intercâmbio espiritual
negativo, mesmo que inconsciente.
Não seja
de surpreender que muitas decisões no campo do Bem estejam sob vigilância de
inimigos soezes que, em se utilizando da debilidade humana, atraem para o seu grupo
de dependentes aqueles que temem, que desconfiam, que se permitem melindres ou
que buscam repouso imerecido antes do momento próprio.
Sem
qualquer excesso na área da observação dos fenômenos obsessivos, podemos afirmar que,
na raiz de qualquer distúrbio social, emocional, psíquico, orgânico,
intelectivo há, invariavelmente, uma vinculação espiritual negativa.
O mesmo
ocorre nas conquistas do progresso, da paz, da bem-aventurança, do júbilo e da
entrega a Deus, mediante inspiração superior que desce das esferas
resplandecentes para erguer quem busca o ser profundo que é, autoiluminando-se
e recarregando-se de energias superiores.
Jesus
foi peremptório: “ Eu sou o caminho”. Somente nos vinculando ao Seu psiquismo
alcançaremos a verdade e teremos vida.