Bem-aventurados os pacificadores, pois serão
chamados filhos de Deus. (Mateus, 5:9) - Rodolfo Calligaris
Jesus Cristo
é o Príncipe da Paz. "A paz vos deixo, a minha paz vos dou", disse ele, pouco antes de sua
morte. "Não
vo-la dou como o mundo a dá", isto é, sob a forma de armistício, frágil e
incerto, cuja estabilidade pode romper-se a qualquer momento, mas sim em
caráter firme e absoluto.
Esse dom da graça divina, entretanto, para que se estabeleça em nossa alma, impregnando-a de suave beatitude, exige condições de receptividade, ou seja: a extinção do orgulho e de todos os desejos egoístas, porquanto são esses sentimentos inferiores que inspiram todas as discórdias e promovem todas as lutas que se verificam na face da Terra.
Sim, para que esse carisma seja uma realidade em nossa vida, mister se faz
despertemos nossa consciência espiritual, libertemo-nos das ilusões do plano
físico e identifiquemo-nos com as verdades do Mundo Maior; sem essa experiência,
haveremos de ser, sempre, criaturas agitadas e descontentes, em permanente
desarmonia com nós mesmos e com aqueles que nos cruzam o caminho.
Enquanto não haja pacificação individual, enquanto os homens não se sentirem harmonizados intimamente, os conflitos exteriores, tanto no recinto doméstico, como no campo social, hão de subsistir, fatalmente, sendo baldados todos os recursos que se empreguem para aboli-los.
Bem aventurado aquele que, numa busca pessoal, ingente, descubra o seu Cristo interno e, renunciando ao seu pequenino ego humano, unifique-se com Ele, passando a viver, não mais com mira no próprio proveito, mas desejando ardentemente vir a ser um veículo pelo qual o Amor Divino possa chegar até os seus irmãos.
Esse
terá encontrado a "pérola preciosa'' de que nos fala a parábola evangélica, e desde então, na posse
desse tesouro inapreciável, gozará de uma paz e uma alegria perfeitas, que
nenhum sucesso vindo de fora será capaz de perturbar.
Alcançado esse estado de alma, dominará o ambiente exterior e, onde quer que se encontre, mesmo sem dizer palavra, simplesmente com sua presença, influirá beneficamente sobre os que o rodeiam.
Junto a si, mercê das forças espirituais superiores que irradia, todos se sentirão aliviados, tranqüilos e seguros; uma indizível sensação de calma bem-estar descerá qual orvalho sobre os corações desgostosos e conturbados.
Os seguidores do Cristo devem dar-se a conhecer pelos esforços que empreendam em favor da Paz. Sejam, pois, nossos pensamentos, palavras e ações, uma contribuição constante no sentido de erradicar do mundo (começando primeiramente por nós) a inveja, as suspeitas, o ódio, a vingança e o espírito de contenda.
Se assim o fizermos, se adquirirmos a qualificação de pacificadores, mereceremos ser chamados filhos de Deus", bem como a glória de ser participantes da paz celestial. (Mateus, 5:9.)