Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da
Escritura é de particular interpretação. (II Pedro, 1:20)
Escritura é de particular interpretação. (II Pedro, 1:20)
Emmanuel (espírito) Francisco Cândido Xavier
Jesus é
o Caminho, a Verdade e a Vida. Sua luz imperecível brilha sobre os milênios
terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando o mundo, há quase vinte
séculos. Lutas
sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociais não lhe modificaram um
til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evolução multiforme da
Terra.
Tempestades
de sangue e lágrimas nada mais fizeram do que avivar-lhes a grandeza. Entretanto, sempre
tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes, no curso
das existências renovadas, temos desprezado o Caminho, indiferentes ante os
patrimônios da Verdade e da Vida.
O
Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparados. Cada dia, reforma os títulos de
tolerância para com as nossas dívidas; todavia é de nosso próprio interesse levantar
o padrão da vontade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducar a nós
mesmos, ao
contacto do Mestre Divino.
Ele é o
amigo generoso, mas tantas vezes lhe olvidamos o conselho que somos suscetíveis
de atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de nossa iluminação interior para a vida eterna. No
propósito de valorizar o ensejo de serviço, organizamos este humilde trabalho
interpretativo, sem qualquer pretensão a exeges.
Concatenamos
apenas modesto
conjunto de páginas soltas destinadas a meditações comuns. Muitos amigos a
estranhar-nos-ão talvez a atitude, isolando versículos e conferindo-lhes cor
independente do capítulo evangélico a que pertencem.
Em
certas passagens extraímos daí somente frases pequeninas, proporcionando-lhes
fisionomia especial e, em determinadas circunstâncias, as nossas considerações
desvaliosas parecem contrariar as disposições do capítulo em que se inspiram.
Assim
procedemos, porém, ponderando que, num colar de pérolas, cada qual tem valor específico e que, no imenso
conjunto de ensinamentos da Boa Nova, cada conceito do Cristo ou se seus
colaboradores diretos adapta-se a determinada situação do Espírito, nas
estradas da vida.
A lição
do Mestre, além disso, não constitui tão-somente um impositivo para os misteres
da adoração. O Evangelho não se reduz a breviário para o genuflexório. É roteiro
imprescindível para a legislação e administração, para o serviço e para a
obediência.
O Cristo
não estabelece linhas divisórias entre o templo e a oficina. Toda a Terra é seu
altar de oração e seu campo de trabalho, ao mesmo tempo. Por louvá-lo nas
igrejas e menoscabá-lo nas ruas é que temos naufragado mil vezes, por nossa
própria culpa. Todos os lugares, portanto, podem ser consagrados ao serviço
divino.
Muitos
discípulos, nas várias escolas cristãs, entregaram-se a perquirições
teológicas, transformando os ensinos do Senhor em relíquia morta dos altares de
pedra; no entanto, espera o Cristo venhamos todos a converter-lhe o evangelho de
Amor e Sabedoria em companheiro da prece, em livro escolar no aprendizado de
cada dia,
em fonte inspiradora de nossas mais humildes ações no trabalho comum e em
código de boas maneiras no intercâmbio fraternal.
Embora
esclareça nossos singelos objetivos, noto, antecipadamente, ampla perplexidade
nesse ou naquele grupo de crentes. Que fazer? Temos imensas distâncias a vencer no
Caminho, para adquirir a Verdade e a Vida na significação integral. Compreendemos o
respeito devido ao Cristo, mas, pela própria exemplificação do Mestre, sabemos
que o labor do aprendiz fiel constitui-se de adoração e trabalho, de oração e
esforço próprio.
Quanto
ao mais consola-nos
reconhecer que os Textos Sagrados são dádivas do Pai a todos os seus filhos e, por isso mesmo,
aqui nos reportamos às palavras sábias de Simão Pedro: "Sabendo
primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular
interpretação".