Passes

O passe é uma transfusão de fluidos de um ser para outro. Emmanuel o define como uma "transfusão de energias fisio-psíquicas". Beneficia a quem o recebe, porque oferece novo contingente de fluidos já existentes. Emmanuel o considera "equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos" e compara sua ação a do antibiótico e à assepsia, que servem ao corpo, frustrando instalação de doenças.

Constantemente, estamos irradiando e recebendo fluidos do meio que habitamos e dos seres (encarnados ou não) com que convivemos, numa transmissão natural e automática. O passe, porém, é uma transfusão feita com intenção e propósito. Quem aplica, atua deliberadamente. Para que o passe alcance o melhor resultado, é necessário:


1) que o passista use o pensamento e a vontade, a fim de captar os fluido, emiti-los e fazê-los convergir para o assistido; 2) que haja um clima de confiança entre o socorrista e o assistido, a fim de se formar um elo de força entre eles, pelo qual "verte o auxílio da Esfera Superior, na medida dos créditos de um e de outro"; 3) que o assistido esteja receptivo, para que sua mente adira à idéia de trabalho restaurativo e comece a sugeri-lo a todas as células do corpo físico; então irá assimilando os recursos vitais que estiver recebendo e o reterá na própria constituição fisiopsicossomática. (Mecanismos da Mediunidade, de André Luiz).

O passe não surgiu com o Espiritismo, não é uma criação da Doutrina Espírita. Esse meio de socorrer os enfermos do corpo e da Alma já era conhecido e empregado na Antiguidade. Jesus o utilizou, "impondo as mãos" sobre os enfermos e os perturbados espiritualmente, para beneficiá-los. E ensinou essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que também a empregaram, largamente, como vemos em "Atos dos Apóstolos".

Ao longo dos tempos, o passe continuou a ser usado, sob várias denominações e formas, em todo o mundo, ligado ou não a práticas religiosas. No século anterior a Kardec, tudo o que então se conhecia sobre fluidos e como empregá-los estava consubstanciado no Magnetismo, de que o médico austríaco Franz Anton Mesmer foi o grande expoente, beneficiando muitos enfermos. Mas havia, ainda, muita ignorância sobre o que fossem os fluidos e a forma de sua transmissão.

A codificação da Doutrina dos Espíritos, por Allan Kardec, permitiu entendermos melhor o processo pelo qual o ser humano influencia e é influenciado fluidicamente, tanto no plano material como no espiritual. Na atualidade, o passe continua a ser empregado por outras religiões, que o apresentam sob nomes e aparências diversas (benção, unção, johrei, benzedura).

Pessoas sem qualquer relação com movimentos religiosos também o empregam. É no meio espírita, porém, que o passe é mais bem compreendido, mais largamente difundido e utilizado. Nele, o passe que Jesus ensinou e exemplificou veio a se tornar uma das principais práticas de ação fluídica. Nada mais natural, pois o Espiritismo é a revivescência do puro Cristianismo.


Quanto ao seu agente o passe pode ser classificado em “Passe Magnético”, quando ministrado somente com os recursos fluídicos do próprio passista (magnetismo humano); “Passe Espiritual”, quando ministrado pelos Espíritos unicamente com seus próprios fluidos (magnetismo espiritual), sem o concurso de intermediário; “Passe Humano Espiritual”, quando os Espíritos combinam seus fluidos com os do passista, dando-lhes características especiais e “Passe Mediúnico”, quando os Espíritos atuam através de um encarnado mediunizado. O fluido dos bons Espíritos "Passando através do encarnado, pode alterar-se um pouco" (como água límpida passando por um vaso impuro) "Daí, para todo verdadeiro médium curador, a necessidade absoluta de trabalhar a sua depuração". (Revista Espírita, set/1865 "Da Mediunidade Curadora").