“Pedi, e
dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á porque todos os que
pedem, recebem; os que buscam, acham; e a quem bate, se abre." (Mateus,
7:7-8.)
Com
essas palavras, Jesus exortou à oração e à confiança em Deus, na certeza de que Ele
não deixará, jamais, de atender às nossas necessidades, sejam elas coisas
materiais ou espirituais desde que façamos a nossa parte, diligenciando por
obtê-las.
Para não
deixar a menor dúvida sobre esse ponto, após fazer aquela tríplice referência à
solicitude com que devemos conduzir-nos, para que o céu nos ajude, o Mestre
repete-a, afirmando, categoricamente, que "todos os que pedem, recebem; os que
buscam, acham; e a quem bate, se abre".
Primeiramente,
a razão
do "pedir" não é informar a Deus do que havemos mister, nem lembrá-lo
de algo
que, porventura, tenha esquecido, porque, de fato, Ele sabe de tudo a nosso
respeito e não é de Sua natureza fazer-se rogado para derramar-nos as Suas
bênçãos.
Com o
"pedir", confessamos nossa indigência, nossa fraqueza, e, com esse
ato de humildade e de fé, teríamos aquelas condições de receptividade indispensáveis para
que a graça divina possa atuar sobre nós, fortalecendo-nos o ânimo, de modo a levarmos
a bom termo os nossos empreendimentos, inspirando-nos soluções adequadas aos
problemas que nos aflijam, assim como infundindo-nos paciência e resignação,
quando se trate de vencermos uma prova difícil.
Não
basta, porém, pedir. É preciso, em complemento, "procurar" e
"bater", isto é, que nos mexamos, que trabalhemos persistentemente, até
atingirmos o objetivo colimado. Assim, quer almejemos a conquista de uma
situação mais confortável, quer desejemos vencer nossas inferioridades morais a
fim de formarmos um caráter reto, seja o benefício que for, os esforços próprios
são absolutamente necessários.
Esperar
que Deus nos dê esses bens, dispensando-nos de qualquer colaboração, fora insensatez,
porquanto, neste ou naquele terreno, "o progresso é filho do
trabalho". Há outra classe de homens que, igualmente, nada pedem a Deus. É a
dos auto-suficientes, que, confiando apenas em si mesmos, julgam tudo poderem
conseguir só com os recursos de sua inteligência e operosidade.
A esse
Deus não castiga, como erroneamente se afirma por aí, mas abandona-os às
próprias forças. As quedas e frustrações que, na certa, virão a sofrer,
incumbir-se-ão de abater-lhes o orgulho, fazendo que reconheçam suas limitações
e se voltem para o Alto.
Não
sejamos, portanto, nem dos que se mantêm apáticos, inertes, esperando que Deus
preveja e proveja tudo para eles; nem destes outros, arrogantes, presunçosos,
que acreditam poderem prescindir do auxílio de Deus.
Oremos,
confiantes, e trabalhemos, perseverantes; assim procedendo, sempre acharemos quem nos
estenda mãos amigas, e todas as portas abrir-se-nos-ão, pois não há
obstáculos que não sejam removidos ante o empenho de uma vontade
inquebrantável, aliada a uma fé viva e operante.
Compilado do livro de Rodolfo Calligaris