Para
podermos crer de verdade, antes de mais nada, precisamos compreender aquilo em
que devemos crer. A crença sem raciocínio não passa de uma crença cega, de uma
crendice ou mesmo de uma superstição.
Antes
de aceitarmos algo como verdade, devemos analisá-lo bem. O mal de
muita gente é acreditar facilmente em tudo que lhe dizem, sem cuidadoso exame. A
“fé inabalável” é aquela que pode encarar a razão, face a
face, em todas as épocas da humanidade. (Allan Kardec).
A fé
necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se
deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário sobretudo
compreender. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XIX, 6)
A fé
pode ser ativa ou passiva. “Meus irmãos, que aproveita, se alguém disser
que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Assim também a
fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma”. (Tiago 2, 14
e 17)
No
Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo 19, item 12, Kardec
define a fé como sendo uma força de vontade direcionada para um certo objetivo,
ou seja, a vontade de querer. E esta força pode ser aplicada em dois
campos distintos: o material e o espiritual, conforme o objetivo proposto.
No “campo
material”, Kardec define a “fé como humana”, quando ela é
usada para conseguir objetivos materiais e intelectuais, como por exemplo: a
construção de uma empresa, a melhoria profissional buscando novos horizontes de
atuação.
Todos
nós temos que ter esta fé, que é a crença em nossa própria capacidade de
realizar uma tarefa material. Mas ela deve ser aliada à humildade e à
racionalidade, para não se transformar em orgulho, sentimento este que nos traz
ilusões sobre a nossa personalidade.
Cite
ao público vários exemplos de homens que realizaram grandes tarefas para o bem
da sociedade, acreditando no seu próprio potencial, em vários campos de atuação, como por
exemplo: a política, as ciências, os descobrimentos e também o campo
empresarial.
No “campo
espiritual”, Kardec define a “fé como divina”, pois ela
orienta o homem na crença em uma força superior a ele e a tudo, que direciona a
sua capacidade na busca de algo além do material, na descoberta do seu lado
imortal.
É a religiosidade,
agregando a caridade, a fraternidade e a melhoria interior. Esta fé,
aliada à fé humana, espiritualiza os objetivos desta última e direciona esta
força material para a satisfação da coletividade e não mais só da
individualidade.
Vamos
definir a fé que a nossa Doutrina veio propagar, que é a “Fé
Racional”. Aquela que conforme este trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo,
veio aliar a este sentimento de crença e vontade de querer, uma
qualidade própria do nosso tempo, que é a razão.
É
ela quem dá uma base sólida a nossa crença, podendo encarar a ciência e o
progresso a qualquer tempo. E que também nos ensina que não basta só crer
ou ver, é também necessário compreender. Isto se aplica principalmente ao
Espiritismo, onde o estudo e a prática da caridade são fundamentais para um bom
desenvolvimento do trabalhador espírita.
Não
basta também sentir, ver, ouvir, incorporar ou falar com os espíritos, é importante
compreender sua natureza, o seu ambiente, a sua ação no mundo material e no
espiritual. Reafirme o que diz o Evangelho Segundo o Espiritismo que é necessário
compreender antes de ver.
Deixe
claro o perigo da fé cega, aquela que acredita sem compreender, sem
questionar, pois ela é a gênese do fanatismo religioso que causou
tanto mal para a humanidade, e que deve ser combatida com serenidade e
racionalidade