Nas Fronteiras da Loucura
Manoel P. de Miranda - Divaldo Pereira Franco
Centro Espírita Nosso Lar – Grupo de Estudos das obras
de André Luiz e de Manoel Philomeno de Miranda.
62. Adversários da mediunidade
Havia no
Dr. Bezerra um entusiasmo sadio e grande respeito pelo ministério mediúnico,
que lhe transparecia na face e ressaltava nas palavras. Mas ele advertiu: De
tempos em tempos, amiudadas vezes, surgem movimentos anti mediunistas entre
respeitáveis estudiosos e obreiros da Doutrina Espírita, que então sofrem
inspiração negativa.
As
Entidades perversas, que se vêem desmascaradas, desmanchadas suas tramas e conluios
nefastos,
através da mediunidade digna, combatem, sistematicamente, esta porta de serviços, tentando cerrá-la,
ora pela suspeita contumaz, ora pela desmoralização e vezes outras pela
indiferença geral, desfrutando, então, esses inditosos, de área livre para o
comércio infeliz que estabelecem e o prosseguimento das ardilosas quão
inclementes perseguições que promovem.
Dr.
Bezerra reportou-se então à memorável sessão mediúnica realizada no Tabor, quando o Mestre se
transfigurou e parlamentou com Moisés e Eliás materializados e, logo depois, ao
descer do monte, repreendeu um obsessor que atormentava um jovem, expulsando a
Entidade infeliz e liberando o paciente. Ali, acentuou o Mentor, se realizara uma
perfeita fluidoterapia com o obsesso, socorro ao obsessor e um intercâmbio
superior com os líderes israelitas desencarnados, qual ocorre nos trabalhos espíritas
práticos, sob os rígidos códigos da moral evangélica.
Inspirados,
portanto, por mentes perturbadoras, ociosas, vingativas de diversas gamas, surgem companheiros
ciosos da preservação do patrimônio doutrinário, investindo contra as reuniões
mediúnicas.
Alguns alegam excesso de animismo, outros exageros no mediunismo, mais outros
afirmam que esse período está superado e não falta quem diga serem tais
serviços prejudiciais ao equilíbrio mental e emocional de pessoas nervosas, de
personalidades psicopatas.
O Mentor,
afirmando
que tais críticos não têm razão em sua postura, analisou, na seqüência, todos os
argumentos levantados, indicando para cada um deles a orientação necessária.
Assim é que, na questão do animismo, ao invés de coibi-lo, devemos educar o
sujeito, fazendo-o liberar-se das impressões profundas que lhe afloram do
inconsciente, nos momentos de transe, qual oportuna catarse que o auxiliará a
recobrar a harmonia íntima. É essencial doutrinemos, diz ele, os portadores de
mediunidade em fase atormentada. (Cap. 16, pp. 118 a 120)
63. O valor da mediunidade
A tese
exposta por Dr. Bezerra é muito clara: os chamados excessos mediúnicos não são
da responsabilidade das sessões, mas da desinformação dos experimentadores e
das pessoas que se aventuram nas suas realizações, desarmadas do
conhecimento doutrinário e da vivência de suas execuções.
Nunca, asseverou
Dr. Bezerra, estarão ultrapassadas as realizações mediúnicas de proveito
incontestável, além do poder que exercem para fazer novos adeptos que então
passam a interessar-se pelo estudo da Doutrina e seu aprofundamento. O Mentor
examinou, por fim, o argumento de que as sessões afetam pessoas portadoras de
desequilíbrios nas áreas mental e emocional, o que, para ele, não tem
qualquer fundamento.
Em
primeiro lugar, porque tais pessoas não devem ter participação direta na
reunião; e depois, porque essas criaturas podem ser beneficiadas a distância,
sem participarem fisicamente das sessões. Em seguida, após afirmar que o conhecimento, a preparação doutrinária
e as condições morais dos participantes da sessão são os fatores predominantes
para a obtenção dos resultados, o Mentor concluiu:
“Respeitamos
todas as criaturas nos degraus em que estagiam, no seu processo de evolução
espiritual. Entretanto, valorizamos os trabalhadores anônimos da mediunidade, os que
formam os círculos espirituais de assistência aos desencarnados e de
intercâmbio conosco pelo sacrifício, abnegação e fidelidade com que se dedicam ao
fanal da consolação e da caridade que flui e reflui nas sessões mediúnicas de
todas as expressões sérias: de “curas” ou fluidoterapia, de desobsessão, de
desenvolvimento ou de educação da mediunidade, de materialização com objetivos
sérios e superiores, favorecendo o exercício das várias faculdades mediúnicas
para a edificação e vivência do bem.
Esses
trabalhadores incompreendidos, muitas vezes afadigados, estão cooperando
eficazmente, no esquecimento a que muitos os relegam, com os Benfeitores da
Humanidade,
na construção do Mundo Novo de amanhã pelo qual todos anelamos". (Cap. 16,
pp. 120 a
122)
64. Férias coletivas no Centro Espírita
O último
dia do Carnaval apresentava-se portador de excessos de toda natureza. Pairava no ar uma
psicosfera tóxica, de alucinação. Grupos de trabalhadores espirituais
sucediam-se na assistência, mas nem sempre as providências desses beneméritos
resultavam favoráveis ou exitosas, o que também não significava fracasso,
porquanto o contágio do bem, embora rápido, sempre deixa impregnação amena.
Manoel
P. de Miranda foi convidado pelo irmão Genézio Duarte a participar de uma
reunião mediúnica, à noite, na Casa Espírita onde ele havia mourejado em sua
última existência. Tratava-se de uma reunião normal de socorro a
desencarnados, incluindo consolação a algumas pessoas aflitas pela perda de
familiares queridos e que laboravam naquela Instituição.
Genézio,
ante uma dúvida colocada por Philomeno, aludiu a uma corrente de idéias que tem
proposto sejam as Sociedades Espíritas fechadas nos primeiros meses do ano, a
título de férias coletivas, palavra essa que, para o plano espiritual, não apresenta
qualquer sentido positivo ou útil, pois que o trabalho para os Espíritos tem
primazia, como Jesus mesmo afirmara: "Meu Pai até hoje trabalha e eu também
trabalho".
Certamente
que o repouso, asseverou Genézio Duarte, é uma necessidade e se faz normal que
muitos companheiros, por motivos óbvios, procurem o refazimento em férias e
recreações. Sempre haverá , no entanto, aqueles que permanecem e podem
prosseguir sustentando, pelo menos, algumas atividades na Casa Espírita, que deve permanecer
oferecendo ajuda e esclarecimento, educando almas pela divulgação dos
princípios e conceitos doutrinários com vivência da caridade.
Genézio
aludiu também àqueles que propõem, de forma equivocada, ser imprescindível
fechar-se a Instituição Espírita nos dias de Carnaval e de festas populares
outras, por causa das vibrações negativas, para evitar-se perturbações de pessoas
alcoolizadas ou vândalos que se aproveitam dessas ocasiões para promoverem
desordens, quando é exatamente nesses dias que o trabalho no bem se faz mais
necessário. (Cap. 17, pp. 123 e 124)
“A publicação do estudo continuará
nas próximas semanas”