Quando vos injuriarem folgai e exultai
Rodolfo Calligaris
As
bem-aventuranças com que o excelso Mestre preambulou o Sermão da Montanha
constituem, sem dúvida, uma mensagem divina aos homens de todas as raças e de todas as
épocas, destinada
a servir-lhes de roteiro, rumo à perfeição.
Elas definem, claramente, quais as qualidades de caráter que devemos desenvolver, se quisermos, um dia, penetrar no "reino dos céus". São: a humildade de espírito, a mansuetude, o dom das lágrimas, o anseio de justiça, a misericórdia, a pureza de coração, a pacificidade, a renúncia, etc.
Para todos os que se esforçam sinceramente, no sentido de conquistar tão preciosas virtudes, tem o Cristo palavras de bênção e de encorajamento.
Pondo remate a essa parte de sua sublime pregação, assim falou a seus
discípulos e seguidores: "Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem, perseguirem e disserem
todo o mal contra vós, mentindo, por meu respeito. Folgai e exultei,
porque o vosso galardão é copioso nos céus, pois assim também perseguiram os profetas que
foram antes de vós."
(Mateus,
5:11-12.)
O insulto, a calúnia, as difamações e os vitupérios são as derradeiras armas de que podem valer-se as forças obscurantistas, eternas oponentes à evolução da Humanidade.
Sim, as derradeiras, porque, enquanto tenham possibilidade de escolha, outras, bem diferentes, hão de ser preferidas. Como bem recorda Jesus, desde os primeiros profetas da antiguidade, que ousaram profligar os erros de seus contemporâneos, todos os colaboradores de Deus, todos os que se empenham em fazer um pouco mais de luz nas trevas do mundo têm sido ultrajados e perseguidos, pagando caro, muitas vezes com a própria vida, a sustentação de seus princípios moralizadores.
O mesmo vem acontecendo, tal o testemunho da História, aos que porfiam por preservar a árvore do Cristianismo dos malefícios das plantas parasitas (as superstições, o cerimonialismo pagão, as adulterações e falsidades doutrinárias, a comercialização dos sacramentos, etc.), que lhe roubam a seiva, que a estrangulam e podem levá-la à morte Os mata-paus da Doutrina Cristã voltam-se, sistematicamente, contra esses paladinos da Verdade e. . . não há como conter-lhes a agressividade.
Ultimamente, havendo perdido as prerrogativas de senhores de baraço e cutelo, já não podendo exterminar aqueles que foram convocados pelos altos planos da espiritualidade para a restauração do Cristianismo em sua primitiva pureza e simplicidade, dos púlpitos, nas praças públicas, pela imprensa, pelo rádio e por outros meios de divulgação, empreendem verdadeira "cruzada" contra eles, dirigindo-lhes toda sorte de injúrias, mistificando, mentindo, ridicularizando.
É deixá-los no seu ofício e, consoante a recomendação do Mestre, folgar e exultar. Folgar e exultar porque, aos olhos de Deus, mais vale ser odiado que odiar, ser ofendido que ofender, ser perseguido que perseguir.
Folgar e exultar, porque sofrer tais agravos por amor a Jesus é uma grande glória. Folgar e exultar, porque, quanto mais rudes e dolorosos sejam os golpes recebidos, maior será a recompensa nos páramos celestiais!