O uso de
entorpecentes constitui um grande problema atual que preocupa pais,
professores, médicos e autoridades, pelos terríveis malefícios que causam ao
indivíduo, à família e à sociedade.
Como a
droga leva, geralmente, ao vício e à dependência, o seu consumo é compulsório,
independentemente da situação de cada um. Quem tem recursos adquire-a e quem não tem
rouba para adquiri-la. A droga é adquirida e consumida a qualquer custo.
O
problema se agrava com a necessidade premente que o dependente sente, porque possibilita
um comércio rendoso e clandestino, que se impõe à força, de forma abusiva e
prepotente.
Quadrilhas
organizadas e armadas, sem qualquer escrúpulo e sem o menor respeito à vida, aos
poderes constituídos, às leis vigentes, cultivam plantas entorpecentes, preparam e
refinam drogas e distribuem para os postos de venda instalados em vários países
consumidores.
Tudo
isto que está ocorrendo no mundo inteiro é fruto do materialismo grosseiro,
impiedoso, escravizante e destruidor, insistentemente combatido por Allan
Kardec em suas obras, por ser o verdadeiro ópio do povo. O materialismo
enfraquece a vontade, oblitera a mente e conspurca os sentimentos da criatura
humana, alienando-a da realidade da existência.
Os gozadores
movimentam e sofisticam os seus instintos para melhor aproveitamento de tudo
aquilo que o mundo oferece. E muitos não contentes com o que têm e não
conseguindo alcançar o paraíso terrestres, em virtude dos inúmeros problemas
naturais decorrentes da própria existência, buscam o reino fantástico através
da imaginação distorcida.
Aqui,
apresentamos também o enfoque espírita, mostrando em todos eles, as desvantagens do
uso de drogas pelo desconforto que causam ao organismo e à mente, com
consequências indesejáveis. No enfoque espírita damos um novo conceito de vida,
mostrando suas grandes perspectivas, com a sua valorização no presente. A vida
é o maior bem e temos que preservá-lo. (Natalino D'Olivo)
O uso
das drogas vem de um passado remoto. Nas civilizações antigas, como as da
Índia, China, Pérsia e Egito, encontramos referências sobre o uso do ópio. Basta dizer que a
maconha era conhecida pelos gregos há 5 mil anos e usada na China há 4 mil
anos.
A droga
era usada para
acalmar a dor, para provocar euforia nas orgias ou êxtase ou alucinações nos
rituais religiosos. Até hoje, nas comunidades primitivas é usada com essa finalidade.
A
cocaína foi introduzida na Europa a partir do século XIX, cujo uso foi
difundido por todo o mundo de forma abusiva. A maconha, conhecida na Índia há 2 mil anos
a.C. foi transportada para o Oriente Médio, sendo posteriormente, introduzida
no Norte da África através das invasões árabes nos séculos IX e XII.
As
drogas atualmente são cultivadas em vários países do mundo: ópio (Irã, Índia,
Turquia, Laos, China e Ásia Menor); cocaína (Bolívia, Peru, Equador, Colômbia,
Chile, Argentina, Brasil); maconha (México, Colômbia, Marrocos, Líbano, Índia,
Brasil); tabaco (Cuba, Brasil, Java, Sumatra, Estados Unidos, Turquia e Ásia
Menor).
Tóxico é
qualquer substância de origem animal, vegetal ou mineral, que introduzida em
quantidade suficiente num organismo vivo, produz efeitos maléficos, podendo ocasionar a
morte, em casos extremos.
Todo
o psicotrópico tem uma atuação na mente e no organismo, o que não ocorre com
alguns tóxicos. Muitos venenos são tremendos tóxicos, cuja dose mínima chega a
provocar a morte, mas não alteram a normalidade da mente, como, por exemplo: a
formicida tatu, a estricnina, o arsênico, etc.
Temos
vários tipos de drogas: estimulantes, entorpecentes e alucinógenos. Os estimulantes
aceleram o funcionamento do sistema nervoso central, como a cafeína, a
anfetamina e a cocaína.
Os
entorpecentes são os tranqüilizantes, os anestésicos e os soníferos. São também chamados
de depressores ou psicoléticos. Também atuam no sistema nervoso central e diminuem a sua
atividade mental e deprimem as tensões emocionais.
Os
entorpecentes mais conhecidos são: ópio, cocaína, morfina, heroína, codeína,
álcool, barbitúricos, sedativos. E também os inalantes: éter, lança-perfume,
clorofórmio, solventes de tintas, gasolina, cola de sapateiro, etc.
Os
alucinógenos, denominados de perturbadores e psicodiléticos porque causam
alucinações e despersonalização. Não aceleram nem diminuem a atividade do
cérebro, mudando tudo aquilo que os nossos sentimentos captam. São os
seguintes: maconha, peiote, LSD-25, STP, mescalina e psilocibina.
Os
efeitos das drogas são desagradáveis, embora inicialmente possam dar uma
sensação de bem-estar. Os efeitos desagradáveis decorrem da dependência física e
psíquica
que elas provocam.
A
dependência física altera a química do organismo, tornando-se indispensável ao
indivíduo e
a psíquica, quando o indivíduo não usa a droga, deixa em lastimável estado de
depressão, abatimento, desânimo e fossa, perdendo o interesse pelo trabalho, pelo
estudo e pela vida.
A fase
chamada de tolerância
é aquela em que o organismo se adapta, passando a reagir com exigência da substância
tornando-se dependente. E com a tolerância do organismo, o viciado aumenta a
dose provocando sua morte. A tolerância leva à dependência e daí a busca
desesperada da droga. Busca-a no desespero da fome ou da sede.
O Abuso
de tóxicos deixa efeitos no Feto? Crianças nascidas de mães dependentes de
heroína mostram sintomas de dependência da droga. A respeito de outras drogas há ainda
controvérsia no campo da genética.
A grande
maioria de médicos, hoje porém, inclina a afirmar que tomar entorpecentes
durante a gestação é perigoso; é capaz de criar certa dependência à droga já
no feto.
Com o uso de LSD, um número respeitável de cientistas reporta fragmentação
cromossomal tanto em animais como no homem.
Muitos
afirmam que o LSD em si é capaz de causar anormalidades congênitas no feto. A maconha vem sendo
estudada: há indícios de que causa danos cromossomais no feto porque em animais de
laboratório (em ratos, camundongos e coelhos) já se registraram tais danos.
A
mescalina (cujo uso toma vulto no Brasil) produziu anormalidades fatais em cobaias. Estudos feitos indicam que a maconha, se for dada a um animal em
estado de gestação, atravessa a placenta; assim, a maconha fumada
durante a gravidez poderá ter efeitos adversos sobre o feto.
É óbvio
que ainda se precisa de muitos dados para que se possa fazer um julgamento
definitivo. Conclusão: é importante salientar que as drogas podem causar
danos cromossomais ou dano ao feto sem anormalidade cromossomal.
A
Organização Mundial da Saúde considera o viciado em narcótico um doente, que
deve ser tratado. O vício em narcótico não é uma doença incurável. A prática de encerrar
um toxicômano numa cela e deixá-lo sem assistência, sofrendo os efeitos da
síndrome de abstinência, é tão cruel quanto ineficaz.
Existem,
hoje, medicamentos que aliviam os sintomas decorrentes da ausência da droga e
dão oportunidade a que se faça concomitantemente, um tratamento
psicológico que leva o indivíduo a reintegrar-se na sociedade.
Em
decorrência da dependência física, qualquer viciado pode tornar-se violento
para conseguir uma dose da droga e livrar-se dos sofrimentos da síndrome de
abstinência. Assim, na maioria dos casos, o sujeito pode tornar-se violento,
por influência indireta da droga. Este porém, não é o caso da cocaína, que
induz diretamente o indivíduo à violência. A ela se deve a imagem do viciado como um
sujeito agressivo, pronto a cometer um crime a qualquer provocação.
Embora não produza
dependência física, a cocaína condiciona rapidamente intensa dependência
psíquica,
pois a euforia que provoca é imediatamente seguida por profunda depressão, que
só é aliviada por nova dose.
A
cocaína provoca dilatação das pupilas, aceleração do pulso, redução do cansaço,
euforia, insônia, alucinações. Tomada por boca produz anestesia local da mucosa
do estômago, de modo que não atenua a fome e a sede. Geralmente o viciado inala
cocaína como o rapé, para que ela seja absorvida pela mucosa que reveste as
fossas nasais.
Sob sua
influência, o sujeito fica agitado e excitado, com uma sensação eufórica de
grande poder físico e mental. Os viciados em cocaína são medrosos e, frequentemente,
acreditam que estão sendo perseguidos. Para se defender, andam muitas vezes armados e
sob a influência de suas alucinações, frequentemente se tornam assassinos.
Essas
alucinações assemelham-se muito aos delírios que formam o quadro de uma
doença mental grave, a esquizofrenia paranóide, na qual o indivíduo acredita que está
sendo continuamente perseguido; para defender-se pode tornar-se perigoso.
A droga
não liberta, escraviza! Ledo engano daqueles que pretendem se libertar através de drogas.
A natureza não dá saltos. A evolução do ser é muito lenta e se processa pelo
domínio de si mesmo e das coisas pelo conhecimento sem violência. É fugaz a liberdade
experimentada pelo uso de drogas.
O preço
dessa suposta libertação é muito alto, pois, além de grandes riscos conduz a uma
dependência escravizante e vergonhosa, somente uma inteligência apoucada buscaria sua
liberdade por um processo tão esdrúxulo e mesquinho. Não é esse o processo
proposto pelos grandes mestres da vida.
Sabemos
que a libertação enseja clima de felicidade, mas o caminho é bem diferente. Uma pequena mensagem
de Rubens Romanelli, pela psicografia de Euricledes Formiga, esclarece bem o
nosso pensamento:
"O
homem que encontrou a si mesmo descobriu o segredo da felicidade. Aprendeu a remover o
que já não era mais ele ou dele, a renovar-se no belo, em elevação, na
plenitude da visão interior iluminada pela presença de Deus, pois estabelece, a
partir daí, a ligação com o transcendente, o eterno, o puro, o ser feliz"!
Texto compilado de Eurípedes Kuhl
O médium
Eurípedes Kühl nasceu em 21.08.1934, em Igarapava, no Estado de São Paulo. É
militar do Exército, hoje na reserva. Casado, dois filhos. Bacharel em
Administração de Empresas e Economia. Dedica-se a estudos e pesquisas
espíritas, desenvolvendo ensaios e romances, procurando divulgar os
ensinamentos de Allan Kardec, aplicados ao cotidiano de nossa vida, sempre em
busca de temas atuais.