A
estrutura dos seres organizados bem como o seu funcionamento revelam uma
sabedoria inigualável. Quem estuda a engenharia do corpo humano em todos os
seus detalhes não esconde a sua admiração pela beleza e perfeição da forma
como a máquina humana foi montada.
A
perfeição com que a matéria foi organizada induz a aceitar um princípio inteligente
organizador. Tudo no universo nos leva a conceber uma inteligência superior.
Por quê? É fácil entender. O conhecimento que o homem adquire no estudo das
coisas e que lhe dá a característica de sábio não é maior do que a sabedoria que o
objeto encerra, como por exemplo corpo humano e todas as coisas do universo.
Na ordem
das coisas, qual é o maior: o conhecimento que o homem adquire ou o objeto que
lhe dá o conhecimento? O conhecimento das leis ou as próprias leis? O homem não inventa
leis, apenas as descobre. E quem é o maior: quem descobre ou quem cria? E se o homem é
importante por aquilo que conhece e faz, então aquele que criou as coisas e as leis
que a regem é maior, infinitamente maior.
É
superior aquele que cria o objeto que forma a matéria do conhecimento humano. Deus é sábio e
revelou sua sabedoria através da criação e de suas leis. O homem é inteligente
e tem conhecimento das coisas que Deus cria.
Deu é
sábio e ninguém pode negar esta realidade a menos que negue sua própria
existência, seu próprio saber. O homem é alguma coisa porque existe o "TODO". Ele não pode negar
a fonte de seu conhecimento. Se o homem cresce no conhecimento das coisas e se torna
sábio mais sábio é aquele que propiciou o saber.
"Deus
é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas". Desta forma,
quem
procura o conhecimento das coisas com seriedade, encontra Deus, visto que o criador
não está ausente de sua obra.
Quem
descobre a sabedoria de Deus ou de uma inteligência superior no estudo das
coisas, descobre
o espírito, que é o princípio inteligente do universo. Como princípio, o
espírito está ligado a todas as coisas. Deus é transcendente e imanente a tudo.
"Existe
o espírito individualizado". Essa individualização caracteriza o espírito com
uma determinada forma. Essa forma é uma conquista milenária.
A forma,
ou o corpo, melhor dizendo é o instrumento pelo qual o "princípio inteligente"
se individualiza, tornando-se espírito, quando lhe são despertados, pelas
experiências, da ação e reação, alguns atributos indispensáveis ao seu
progresso como: a inteligência, a sensibilidade, o livre arbítrio e a
responsabilidade.
Enquanto
o ser organizado está vivendo na faixa inferior do "instinto" somente,
não passa de autômato. O instinto é que dirige tudo, e atende as duas necessidades
básicas: a sobrevivência física através da defesa, da alimentação e da
procriação.
Quando o espírito passa a
habitar a forma humana pelo natural progresso, é que começa propriamente o seu progresso
espiritual, visto que o "livre-arbítrio" caracteriza sua
individualidade.
A
personalidade se firma através da liberdade. É condição intrínsica da natureza.
"Não
há progresso, sem liberdade". Nenhum ser se acomoda e aceita pacificamente
um sistema de dependência e subjugação.
A
liberdade é atributo do espírito e nenhum ser progride sem ela. Por outro lado, a
liberdade tem um preço: a "responsabilidade". O homem vive em
comunidade, em sociedade. É impossível a sua existência fora de um comportamento
organizado.
Ora, se
vivemos em sociedade e estamos, todos, submetidos a um comportamento organizado
pelas leis já estabelecidas pela sociedade, conquistadas através de séculos, não podemos viver
sem responsabilidade. Nossa liberdade é relativa e limitada, visto que ela
determina direitos e deveres e esses direitos assegurados pela lei determinada pelo
princípio de liberdade não podem ferir os direitos do nossos semelhantes.
Nossa
liberdade é uma conquista de milênios, mas com ela está vinculada a
responsabilidade. Liberdade fora de um comportamento organizado é anarquismo e não
se pode desta forma pretender nenhum progresso, visto que invadimos a esfera do
companheiro que tem os mesmos direitos e que faz jus ao exercício e a prática
de suas conquistas.
A
prepotência e o egoísmo, infelizmente, não impedem essa invasão. A ditadura e a
tirania são consequências do excesso de liberdade sem responsabilidade, no
exercício do poder. Assim como a sociedade padece as consequências de um liberalismo
desenfreado, desarmonizando tudo, assim também ocorre com o indivíduo
relativamente ao seu corpo.
A grande
educadora Maria Montessori disse que na Natureza não há castigos nem prêmios, mas
consequências. Seu pensamento está em perfeita sintonia com o Espiritismo quando
este estuda a "lei de causa e efeito" e afirma que o homem é
artífice do seu destino, sofrendo as consequências naturais do seu livre-arbítrio.
Diante
da liberdade das ações e do determinismo das consequências, é muito bom e
recomendável meditar com profundidade sobre o uso das coisas. Tudo o que foi criado
por Deus tem uma finalidade. Cada coisa deve ser usada de conformidade com sua
finalidade. A forma errada de usar as coisas geralmente traz desequilíbrio
para o corpo e para o espírito. Ninguém ignora isto. É um fato incontestável.
Entretanto,
há muitas pessoas, que, em virtude de uma personalidade estranha,
desequilibrada, esquizofrênica, gostam de usar as coisas de forma contrária, o que
gera uma desarmonia no comportamento organizado e agride a sociedade em que
vive.
Quanta gente faz mau uso das coisas.
O mau
uso da alimentação, da inteligência, do amor, do sexo, dos instrumentos criados
para o desenvolvimento da vida. É claro que ninguém está isento da
responsabilidade no mau uso das coisas. As consequências virão inevitavelmente mais
cedo ou mais tarde. Elas virão em forma de desequilíbrio, de doenças, de desgostos, de
frustrações, de mal-estar, de fracasso, etc...
A vida é
imortal. A
sabedoria divina criou a vida para ser eterna, porque eterno é o princípio da
vida. A
desintegração do corpo por ocasião da morte não significa desintegração do
espírito. Se
o espírito é o princípio que engendra e organiza o corpo, está claro que está além
do organizado. Ele transcende à organização física. O espírito existe antes de
nascer e sobrevive após a morte.
Não
vamos aqui apresentar toda a nossa argumentação científica e filosófica para
provar isto. Falamos inicialmente sobre a sabedoria divina. A ciência nos fala
da imortalidade do espírito pelas experiências levadas a efeito nas pesquisas e pelo contato que
tivemos com eles em inúmeras reuniões.
A
reencarnação é a volta do espírito ao corpo material, com o objetivo de
realizar novo aprendizado para enriquecimento de sua vida. Ao mesmo tempo em que
resgata o passado, aprende novas coisas. A reencarnação é um princípio da
natureza que permite a educação e reeducação do indivíduo, sem o que ele não se
libertará dos erros e da matéria. Esse processo não constitui forma de punição,
mas um recurso da natureza para renovar e melhorar o ser.
Quando o
espírito retorna à matéria, o seu corpo perispiritual transmite ao corpo material "estigmas"
causados pelo seu desequilíbrio em vida anterior. Toda a ação do espírito fica gravada
nesse corpo espiritual, à semelhança de um disco. É o subconsciente que
armazena conhecimentos e experiências do passado, recente e remoto, que
estruturam a personalidade.
A
herança cultural, recebida e adquirida através dos séculos, constitui a
estrutura psíquica que sustenta a forma de pensar, sentir e agir. O corpo, tomado pelo
espírito desde o primeiro momento de sua formação, recebe a sua influência. O corpo em formação
se amolda ao corpo espiritual.
A vida
que defendemos e que todos defendem, consciente e inconscientemente, representa
tudo. Vida
é vida, na Terra ou em qualquer parte do universo e é em torno dela que todos os
problemas giram. O que seria o universo sem a vida? Seria o caos, o nada.
Ser é
viver. Ser a vida é tudo, temos de valorizá-la. A morte é o não ser. Mas morte
não existiria se a vida não existisse. Por isto a morte confirma a vida. Ela
não é real. É simplesmente uma transição da vida. É a causa que se retrai
omitindo o fenômeno ou a aparência. A vida tem que ser julgada pela vida e não
pela morte, mas esta nos fala da importância daquela.
Após a
morte do ser orgânico, os elementos que o formam passam por novas combinações,
constituindo novos seres, que haurem na fonte universal o princípio da vida e
da atividade, absorvendo-o e assimilando-o, para novamente o devolverem a essa
fonte, logo que deixarem de existir.
A
atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do
funcionamento dos órgãos, do mesmo modo que o calor, pelo movimento de rotação de uma roda.
Cessada aquela ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue, como o
calor, quando a roda deixa de girar.