Preparatórios para a desencarnação


Preparatórios para a desencarnação
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ÉDO MARIANI

A capacidade de saber renunciar, virtude ensinada pelos postulados do Espiritismo, aprendida e vivenciada durante a existência terrena,
é um fator que ajuda o desprendimento do Espírito no fenômeno da chamada morte, quando se retorna ao mundo espiritual.    

Não é apenas o apego aos bens materiais que dificulta o desligamento do Espírito, pois há  outros fatores
como a inclinação afetuosa ao trabalho que se realiza, bem como a afeição pelos familiares e amigos que causa dor na despedida.



No livro
“Obreiros da Vida Eterna”, de André Luiz, recebido através da psicografia de Chico Xavier, o Espírito Bezerra de Menezes ensina que: "(...) morrer é muito mais fácil do que nascer. (...)”

Ensina ainda que, no aconselhamento à Adelaide, que se preparava para a desencarnação: “Ajude a você mesma,
libertando a mente dos  elos que a imantam a pessoas, acontecimentos, coisas e situações da Vida terrena. Não se detenha. Quando for chamada, não olhe para trás”.  

Notando a preocupação de Adelaide, fala-lhe compreensivamente: “Também passei por aí. Creia, entretanto, que
a lembrança de Jesus ao pé de Lázaro, foi ajuda certa ao meu coração, em transe igual. Busquei insular-me, cerrar ouvidos aos chamamentos do sangue, fechar a visão aos interesses terrenos, e a liberdade, afinal, deu-se em poucos segundos.

Pensei nos ensinamentos do Mestre ao chamar Lázaro, de novo, à existência, e recordei-me das palavras: “Lázaro, sai para fora!”. Centralizando a atenção na passagem evangélica, afastei-me do corpo grosseiro sem obstáculo algum!

Avaliemos, por aí,
as preocupações que agride o Espírito que pressente o momento da partida. Os aconselhamentos de Bezerra servem de alerta e nos advertem sobre a necessidade da preparação antecipada. 

Aprendemos que, além do preparo individual, é importante prevenir, através da orientação e de esclarecimentos a respeito da desencarnação,
informando aos corações amigos, ligados pelos laços do afeto, que  não há morte; que somos Espíritos imortais e que não existe separação eterna. 

Temos conhecimento, através dos íntimos de Cairbar Schutel, que ele já vinha doente de algum tempo e, em 30 de janeiro de 1938,
no momento da desencarnação, o desligamento do corpo físico havia se iniciado.

Entretanto, os amigos que o assistiam, ao perceberem que o desenlace estava acontecendo, se desesperaram e, aflitos, oravam convocando-o a retornar. Cairbar, sentindo o desespero dos amigos, com algum esforço retornou e lhes disse: “Por que me chamaram? Eu estava tão bem do outro lado”, e continuou no corpo físico por mais algumas horas. 

Esse fato o deve ter preocupado muito. Ele, profundo estudioso do Espiritismo e lutador incansável em favor do  bem do próximo,
foi levado a considerar a necessidade de esclarecimento aos que ficaram para que com eles não acontecesse o mesmo em idêntica situação, dificultando a partida para o mundo espiritual. 

Algum tempo passou,
mas quando surgiu oportunidade transmitiu-nos o necessário alerta. Assim é que encontramos no livro “Mereça ser Feliz”, ditado pelo Espírito Ermance Dufaux, no capitulo 29, o ensinamento que transcrevemos: “Nas vésperas do meu desencarne, os temperamentos dos espíritas foram alvo de profundas preocupações de minha parte”.

“Suas atitudes faziam-me recordar a trajetória religiosa do homem comum, e isso a mim intrigava. Somente na vida Espiritual pude compreender com mais lucidez a questão dos perfis espirituais que definem os temperamentos e o caráter, encontrando então respostas convincentes a muitas de minhas dúvidas”.
Mais adiante ele completa: “(...) Entendi que, mesmo sendo portadores de conhecimentos e da fé, precisarão  de mais tempo para permitir uma renovação nesse perfil milenar”. 

Entendemos, dessa forma, que os ensinamentos, tanto de André Luiz, como de Cairbar, nos levam a meditar sobre o tema da desencarnação
e nos preocuparmos em nos preparar individualmente, de forma  adequada, para o momento do desencarne.

O mesmo deveremos fazer com os amigos e parentes para que, ao invés de dificultar o desenlace, colaborar para que se realize com a tranqüilidade necessária, evitando dificuldades e sofrimentos para quem parte e para os que ficam na retaguarda.  

Vale meditarmos sobre essas considerações recomendadas por Espíritos amigos,
que passaram pela experiência do retorno e voltaram para nos elucidar sobre o que sentiram e como se prepararam para o momento final, pois, mais cedo ou mais tarde, todos passaremos por idêntico processo de libertação.