Miramez – Capítulo 94 do livro Médiuns


Chave do equilíbrio – Miramez

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm.
Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei
dominar por nenhuma delas. (I Coríntios, 6:12)

Quem se deixa dominar pelas linhas paralelas dos sentimentos alheios e pelos extremos dos seus próprios impulsos inferiores, não é digno da paz.

O bom senso é força preponderante entre os anjos. Na verdade, o apóstolo nos fala que todas as coisas são lícitas, mas não esquece de acrescentar, que nem todas convêm.



Eis que cada criatura se encontra em uma escala evolutiva, e ela, em seu estado de evolução, deve saber escolher aquilo que certamente lhe convém, e é essa escolha, com moderação, que a livra dos escândalos e de determinados infortúnios.

Tratando-se da conduta do médium, esse deve verificar onde se encontra a chave do equilíbrio. Em tudo o que fizer, não se deixar dominar por nenhum convite duvidoso; fazer o processamento dentro de si, no laboratório do raciocínio, sob a vigilância do coração, com relação ao que deve ou não fazer.

De fato, o caminho do meio é o melhor. No entanto, é o mais difícil de ser trilhado. O médium, principalmente, deve procurar moderação em tudo: na comida, na bebida, nas vestes, no falar, nos gestos e, por fim, na conduta.

Parece, de relance, que observar uma vida cheia de prudência, com férrea disciplina, torna-nos escravos de influências exteriores e nos fazendo cada vez mais presos a certos conceitos.

E sempre ouvimos: e a idéia de liberdade, onde fica! Brandura não significa castigo,é um clima de felicidade. Os desequilíbrios é que nos levam as torturas morais, aos conflitos íntimos e ao enfadar da existência por simples infortúnio.

Desde quando estamos idealizando o bem, pensando e nos esforçando para aquisição da nossa paz, estamos abrindo caminhos favoráveis à sobriedade, sem talvez percebermos.

Há muitas pessoas, e entre elas estão incluídos certos sensitivos, que se preocupam muito com o que os outros pensam delas; por isso temem modificar o que vêm fazendo, há muito tempo. Na verdade, é uma preocupação sem fundamento, desde que estejam se esforçando para melhorar.

Quem se dispôs a falar da vida alheia, não deve raciocinar. Analisemos esses dois fatos evangélicos: Pois veio João Batista, não comendo pão e nem bebendo vinho e dizeis: tem demônio, (Lucas, 7:33). Depois: Veio o filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e de pecadores, (Lucas, 7:34).

A Humanidade é assim mesmo, e por incrível que pareça, fazemos parte dela. Se já nos livramos de determinados erros ou faltas, o nosso passado nos impede de julgar os outros. Os pais que hoje corrigem os filhos, já foram crianças ontem.

Todas as coisas são lícitas porque foram feitas com a aquiescência de Deus, não há dúvida. Entretanto, mais lícitas elas se tornam, quando usadas como convém a consciência em Cristo. A lei do equilíbrio se faz como chave da inteligência, marcando os passos e contrapassos do coração, como reator divino nas grades do arcabouço humano.

O intermediário dos Espíritos, consciente dos seus deveres perante Deus e a consciência, nunca se deixa levar pelos excessos, conhece e se desvia de todas as manobras dos instintos grosseiros que fazem lembrar os animais.

O autodomínio, em sua mente, é uma função permanente que valoriza a educação e espiritualiza a disciplina. E para não nos esquecermos do assunto que tanto nos faz bem, é bom que repitamos a fala do convertido de Damasco:

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm.
Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.