A lei de amor

A lei de amor - Capítulo XI do
Evangelho segundo o Espiritismo

O amor resume inteiramente a Doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso alcançado.

Na sua origem o homem só tem instintos, mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o ponto mais delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar da palavra, mas o sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.

A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; ela extingue as misérias sociais. Feliz aquele que, indo além da sua humanidade, ama com um amor generoso os seus irmãos em sofrimento; feliz aquele que ama, porque não conhece nem a angústia da alma, nem a do corpo; seus pés são ligeiros e ele vive como transportado fora de si mesmo.

Quando Jesus pronunciou essa palavra divina: amor, ela fez os povos estremecerem, e os mártires, inebriados de esperança, desceram ao circo.

Por sua vez, o Espiritismo vem dizer uma segunda palavra do alfabeto divino; ficai atentos, porque essa palavra levanta a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação triunfando sobre a morte, revela ao homem deslumbrado o seu patrimônio intelectual; não é mais aos suplícios que ela o conduz, mas à conquista do seu ser, elevado e transfigurado.

O sangue resgatou o espírito, e o espírito deve hoje resgatar o homem da matéria. Eu disse que, no seu início, o homem só tem instintos, portanto aquele em que os instintos dominam está mais perto do ponto de partida do que do objetivo a alcançar.

Para avançar em direção ao objetivo é preciso vencer os instintos em proveito dos sentimentos, isto é, aperfeiçoar estes últimos, reprimindo os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; eles trazem consigo o progresso, como a semente que encerra em si o carvalho; e os seres menos avançados são aqueles que, se despojando apenas lentamente das suas crisálidas, permanecem escravos dos instintos.

O espírito deve ser cultivado assim como a terra, toda a riqueza futura depende do trabalho presente, e mais do que bens terrestres ele vos dará: a gloriosa elevação.

É então que, compreendendo a lei de amor que une todos os seres, buscareis nela os suaves prazeres da alma que são o prelúdio das alegrias celestes. (Lázaro. Paris, 1862.)