Mediunidade e Fanatismo
Dizendo isto, foi ainda com dificuldade que
impediram as multidões de lhes oferecer sacrifícios.
(Atos, 14:18)
O fanatismo, comumente, é clima de todo principiante. Todavia, o espírita encontra condições, pelos meios educativos inumeráveis, de se demorar pouco nas vias desse engano.
Não obstante, depende muito essa libertação, da evolução da alma. Um médium fanático é cheio de amor próprio, e se sente ferido com qualquer observação alheia.
Condiciona pensamentos com facilidade, pela forma impressora da mente em desequilíbrio, e deixa passar despercebidos os conselhos da vigilância.
Todo fanático destila imprudência, sente-se atraído pela discussão e, em todos os casos de debate, antes, na hora e depois, se coloca como vencedor.
Muitos fanáticos, os mais instruídos, não se incomodam com o que o povo pensa deles, mas dão muito valor ao que eles pensam do povo.
O fanatismo é uma onda muito sutil, que se acomoda engenhosamente na profundeza da alma. E se não adotarmos uma seleção constante no que falamos e fazemos, caímos nas suas armadilhas e ainda defendemos o restrito campo de pouso da verdade que conseguimos ver.
Em cada coisa que nos dispusemos a realizar pelo pensamento, pela fala ou escrita, pensemos na universalidade em primeiro lugar, que um acervo de luzes não nos deixa cegos.
Cremos que o fanatismo é um estágio por que passamos, porém compete-nos trabalharmos e nos conscientizarmos dos nossos esforços, para nos desligarmos desse círculo vicioso que nos prende à ignorância.
Estamos conversando com médiuns, e com eles estabelecendo entendimento sobre a Doutrina Espírita, que tem missão importante de instruir e, por esse processo, colocar cada um na posição de libertar a si mesmo, no que toca, principalmente, ao fanatismo.
O médium estudioso, que já compreendeu o chamado do Cristo, não pode deixar que alguns dos seus companheiros estimulem nos menos avisados, o excesso de zelo pela sua personalidade. Sabemos que, mesmo não aceitando, eles vão existir, mas que não seja com a nossa aquiescência.
Ainda existe uma espécie de combatente do fanatismo, que o faz por vaidade. Quando é ele a imagem escolhida, silencia. Não se preocupem os médiuns, igualmente, com os desequilíbrios dos outros, perturbando a si mesmos. Procurem ajudá-los até onde as suas mãos forem promissoras.
Vejamos o que diz Paulo a Tito, 2:1 Tu porém, fala o que convém à sã doutrina. Falemos, companheiro, o que convém à sã doutrina de Jesus, dentro dos moldes do bom senso.
Os extremos são perigosos e deles devemos fugir, não por medo, mas por serem inconvenientes. Ficaremos contentes se em tudo o que fizermos usarmos a brandura, esquecendo os exageros, em pensamentos, palavras e obras.
Queremos que todos compreendam que não há exigências, neste livro, porque elas, de certo modo, estão ligadas também ao fanatismo. Seria contra-senso da nossa parte. Mas convite, isso é uma repetição que nos agrada fazer de vez em quando.
Não podemos nos esquecer de que estamos entabulando conversações com pessoas de certo nível mental e espiritual, capazes de entender com mais acervo o objetivo das mensagens do mundo espiritual para os homens.
A nossa alegria é ver alguns se interessarem pelo aprimoramento, exercitando-se, todos os dias, na auto-educação, convertendo a si mesmos, e encontrando nos seus próprios mundos, o mundo para trabalhar.
Eis a nossa recompensa que, por excelência, é a maior. Mas não devemos nos esquecer deste exemplo, que se passou com alguns dos apóstolos:
Dizendo isto, foi ainda com dificuldade que
impediram as multidões de lhes oferecer sacrifícios.