Princípio inteligente e Matéria inteligente


Princípio inteligente e matéria “inteligente”
Adams Auni

A Gênese, Cap. XI, Princípio Espiritual, item 5 - São a mesma coisa o princípio espiritual e o princípio vital? Partindo, como sempre, da observação dos fatos, diremos que, se o princípio vital fosse inseparável do princípio inteligente, haveria certa razão para que os confundíssemos.

É cabível se admita que a vida orgânica reside num princípio inerente à matéria, independente da vida espiritual, que é inerente ao Espírito.

Ora, desde que a matéria tem uma vitalidade independente do Espírito e que o Espírito tem uma vitalidade independente da matéria, evidente se torna que essa dupla vitalidade repousa em dois princípios diferentes.

Das grandes possibilidades científicas apresentadas pela Doutrina Espírita, uma das mais impressionantes é o postular quanto a “matéria inteligente”.

Físicos quânticos afirmam que o elétron que viaja, sem um caminho visível, entre as órbitas do átomo, em seus saltos quânticos, apresenta um “comportamento”.

A uma partícula elementar que apresenta comportamento entende-se que essa partícula, mesmo de forma simples e rudimentar, se apresenta “inteligente”.

Essa forma de inteligência é ainda desconhecida, tanto que explicá-la pela ciência acadêmica, é tarefa ainda impossível. Porém, é possível inferir pelos postulados da Doutrina Espírita, que há inteligência na matéria, possibilitando a sua relação com o “princípio inteligente”.

O fenômeno quântico na dualidade onda e partícula demonstram através das observações que esse comportamento do elétron, hora se expressa como uma onda de probabilidade e outra hora como uma partícula, constatando a natureza dual da matéria.

Nesse sentido, o físico prêmio Nobel, Niels Bohr, apresentou o princípio de complementaridade, expressando que a característica ondulatória da matéria é na verdade a sua “real” natureza.

Adentrando no mundo das subpartículas e da física quântica, percebem-se os comportamentos “bizarros” e comprovados “matematicamente”, pois a maioria não são ainda verificados em qualquer experimento.
Quanto ao teste onde se verifica a natureza ondulatória da matéria, há uma dependência do “observador” como agente de mudança.

Pois essa manifestação como partícula, chamado colapso da onda de probabilidade, só pode ser constatado na presença de um “observador”. Isto é, sem o observador a partícula, nesse caso o elétron, se comporta como onda de probabilidade.

Informação é à base de todas as estruturas do universo. Se considerarmos já nos minerais, os cristais, os primórdios de capacidade de armazenagem de energia, é possível inferir que já nos minerais há primórdios de retenção de informação.

Se todas as coisas são originadas a partir do Fluído Cósmico e todas as coisas são formadas e agrupadas por informação, é possível inferir dessa forma em um silogismo lógico que o Fluído Cósmico é constituído de informação.

Se as leis que regem o universo estão dependentes das “forças”, concluímos que fluido cósmico é força. Essas forças do universo (força forte, força fraca, eletromagnetismo e gravidade) e em características da matéria: Moléculas, átomos e sub-partículas que as expressam em suas escalas de valores.

Sabe-se que para que um campo eletromagnético exista depende de que os “elétrons” estejam em movimento, fluindo para formar a liberação de suas cargas e assim obter o “eletromagnetismo”.

Nas escalas menores as forças são infinitamente superiores, concluindo que a ação da matéria em suas mínimas escalas são maiores que em estruturas maiores. Todo esse movimento de estruturação depende e só ocorre pela informação que neles e deles provém.

Para a ligação de espírito e matéria há necessidade de uma relação de igual condição, pois de outra forma não haveria tamanha interação ao ponto de vir a ser um princípio inteligente, “um espírito”. O espírito existe e se expressa por sua relação com a matéria, que é o fluído cósmico. Logo, é informação se expressando de várias formas.

Não seria nenhum absurdo considerar que essa matéria a princípio inerte, viesse a ser ativada pela “informação”, complexando-se em “informação” em si mesmo a se expressar pelo o que entendemos hoje como “vida”. A vida orgânica é uma estrutura complexa de elementos inorgânicos organizados pela “informação” que acumulam.

A Gênese, Capítulo X, Princípio Vital, Item 17 - Será o princípio vital alguma coisa particular, que tenha existência própria? Ou, integrado no sistema da unidade do elemento gerador, apenas será um estado especial, uma das modificações do fluído cósmico, pela qual este se torne princípio de vida...

Item 18 - Combinando-se sem o princípio vital, o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono unicamente teriam formado um mineral ou corpo inorgânico; o princípio vital, modificando a constituição molecular desse corpo, dá-lhe propriedades especiais. Em lugar de uma molécula mineral, tem-se uma molécula de matéria orgânica...

Como essa partícula “inorgânica” avança e se desenvolve a “orgânica” ainda não se é possível saber por completo, mas os biólogos, bioquímicos e geneticistas, em suas observações e perquirições a natureza, afirmam que os elementos orgânicos hoje expressados, são agrupamentos organizados e complexos de estruturas inorgânicas, tal como a exemplo dos minerais protéicos ou cristais de proteínas.

A Gênese, cap. X, Formação primaria dos seres vivos, item 11, Na formação dos corpos sólidos, um dos mais notáveis fenômenos é o da cristalização... A disposição regular dos cristais corresponde à forma particular das moléculas de cada corpo.

Essas partículas, para nós infinitamente pequenas, mas que não deixam por isso de ocupar um certo espaço, solicitadas umas para as outras pela atração molecular, se arrumam e justapõem segundo o exigem suas formas, de maneira a tomar cada uma o seu lugar em torno do núcleo ou primeiro centro de atração e a constituir um conjunto simétrico.

A cristalização só se opera em certas circunstâncias favoráveis, fora das quais ela não pode dar-se.

O planeta Terra possui 4,5 bilhões de anos e o surgimento de vida só foi possível a cerca de 3 bilhões de anos, ao resfriar-se e a desenvolver e receber atmosferas ácidas, quentes, na formação de nevoas de vários gases, chegada de meteoritos constantes na superfície, intervenções de raios de luz, ionização da atmosfera, poucas camadas da ionosfera, raios gama invadindo a calda planetária e com isso surgiram as primeiras espécies de materiais inorgânicos.

Esses materiais em suas multifacetárias características, sofreram as mesmas interferências planetárias, absorvendo calor, sendo polarizados magneticamente, resfriados e imersos em muitos casos, em caldos de elementos químicos desde ácidos a radioativos.

Puderam ir se agrupando ao ponto de obterem complexidade de informação, troca de informação, replicação e assim inicia-se a “vida” no planeta.

A Gênese, Formação primária dos seres - Item 12 - A lei que preside à formação dos minerais conduz naturalmente à formação dos corpos orgânicos.

A análise química mostra que todas as substâncias vegetais e animais são compostos dos mesmos elementos que os corpos inorgânicos.

Como no reino mineral, a diferença de proporções na combinação dos referidos elementos produz todas as variedades de substâncias orgânicas e suas diversas propriedades, tais como: os músculos, os ossos, o sangue, a bílis, os nervos, a matéria cerebral... Assim, na formação dos animais e das plantas, nenhum corpo especial entra que igualmente não se encontre no reino mineral.

Item14 - Os princípios elementares estão numa espécie de inércia. Mas, desde que as circunstâncias se tornam favoráveis, começa um trabalho de elaboração; as moléculas entram em movimento, agitam-se, atraem-se, aproximando-se e se separam em virtude da lei de afinidades e por suas múltiplas combinações, compõem a infinita variedade das substâncias...

Item 15 - São os mesmos os elementos constitutivos dos seres orgânicos e inorgânicos; que os sabemos a formar incessantemente, em dadas circunstâncias, as pedras, as plantas e os frutos, podemos concluir daí que os corpos dos primeiros seres vivos se formaram, como as primeiras pedras, pela reunião das moléculas elementares, em virtude da lei de afinidade, à medida que as condições da vitalidade do globo foram propícias a esta ou àquela espécie.

Um processo químico progressivo que ao longo de aproximadamente 3 bilhões de anos promoveu a evolução inorgânica até chegar a essa estrutura complexa que é o corpo humano.