Miramez – Capítulo 80 do livro Médiuns

Auto análise

Examine-se, pois, o homem a si mesmo,
e assim coma do pão e beba do cálice. (I Coríntios, 11:28)

Não somos andróides como pensam alguns, mas Espíritos conscientes, mais ou menos, da vontade de Deus, pelos canais da lei. Examinar a nós mesmos, de vez em quando, é ouvir o tribunal da própria consciência, e querer escolher o melhor.

Se pensamos muito na nossa liberdade, naquilo que podemos fazer, o que os nossos impulsos determinarem, lembremo-nos até que ponto essa liberdade começa a prejudicar os outros.

Se somos impetuosos por natureza, de maneira a não tolerarmos obediência aos outros, tenhamos um pouco de cuidado: o mundo não foi feito da maneira como gostaríamos que fosse.

Nem as coisas, nem os Espíritos fogem à educação e à disciplina. Andamos na dimensão a que pertencemos, em pleno arrocho, pois esse é o processo evolutivo que a soberania divina determinou para nós, de todos os planos da Terra.

Podemos ficar irritados se quisermos ir contra certos preceitos já firmados, como certos para a nossa paz, e pensar, falar e fazer o que bem entendermos, mesmo que a consciência não aprove ou fuja da moral evangélica. Todavia, é de lei que respondamos pelos desastres que cometermos.

O nosso plantio é mais ou menos livre, porém a colheita é obrigatória. E se ainda duvidamos do que pode ser certo, se ainda duvidamos do que devemos fazer, pensemos sempre na verdade, sem vacilar, que acabaremos encontrando o melhor. A vontade, com fé, é uma prece das mais puras.

A auto-análise sob a influência do Evangelho nos faz ordenar atos na vida que nos colocam na atmosfera do bem. E, mesmo combatidos, somos sempre respeitados.

Passamos do instinto à razão por processos demorados, e a vida nos firmou com um pouco mais de consciência daquilo que vamos ou não fazer. Para tanto, nos deixou uma certa responsabilidade, que se liga ao esforço próprio.

Se estamos revestidos de carne, ela nos obriga a certas necessidades. O comer, o beber e o vestir são condições delineadas para todos.

No entanto, escolher a comida, a bebida e as vestes é função do raciocínio de cada criatura, que procura sempre o que lhe cabe melhor, para que possa sentir satisfação.

No que toca ao Espírito, ou às necessidades da alma, compete-nos escolhas, e saber escolher tornou-se uma ciência, sendo o Evangelho do Cristo um mestre, por excelência.

Estamos em um período de tudo examinar. Não há evolução sem esforços. Toda subida é cheia de sacrifícios, compensados por tudo o que a vida nos oferece.

É da natureza humana não aceitar reprimenda, procurar fugir da ordem, ficar liberada de todo e qualquer sistema de opressão, esquecendo que tudo no mundo, senão na criação, está ligado por fios invisíveis da lei, em permanente troca, com dependências intermináveis.

É como nos fala o apóstolo Paulo, na sua mais alta inspiração. Deixamos de ser cativos da lei, para sermos servos do amor. Sempre estamos compromissados com a vida, e a obediência, para o nosso bem, não pode deixar de existir

Chamamos a atenção, principalmente do médium, no sentido de meditar sobre si mesmo e anotar que coisas tem completa liberdade de fazer. Pensamos só na hora que desejamos? Comemos só por querer? Respiramos somente na hora que nos apraz?

E as vestes? Moramos, onde temos vontade? Essas são algumas perguntas, pois elas são infinitas, mas as outras vos deixamos para que possais dar curso ao raciocínio.

Nós, meus companheiros, estamos presos neste planeta por processos de ascensão, e, enquanto não chegar a hora certa, não sairemos dele. Se ainda ignoras, fica sabendo que tudo ocorre por vontade de Deus; até mesmo, ousamos dizer, a própria ignorância.

E para que não tenhas revolta maior, se esse estado d’alma te afeta, torna a ler este precioso evangélico:

Examine-se, pois, o homem a si mesmo,
e assim coma do pão e beba do cálice. (I Coríntios, 11:28)