Vitor Ronaldo Costa
O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições. (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X, item VI, 24ª edição de bolso. FEB)
Em decorrência de observações bem conduzidas por investigadores da alma humana, pode-se afirmar que, entre os fatores condicionantes da perseguição espiritual, destacam-se o ódio e o sentimento abastardado de vingança.
Enquanto
a maldade prevalecer no orbe terreno, enquanto o egoísmo encontrar guarida nos
corações, a
criatura deixar-se-á envolver com as imperfeições morais responsáveis por
atitudes infelizes de agressões ou revides contra os semelhantes.
A
incompetência afetiva embrutece o sujeito e, quando, por ventura, ele se considera
vítima de uma injúria, mostra-se incapaz de apelar para o recurso do perdão. E, no desvario em que
se entorpece, termina por cristalizar o próprio pensamento no padrão
inconsequente do revide.
A
morte, infelizmente, nem sempre apaga da lembrança o rancor que perturba, e, assim, o espírito
menos esclarecido, impermeável ao chamamento evangélico, prossegue na
erraticidade a albergar em seu âmago a mágoa e o ódio incontroláveis. Imerso na penumbra da
própria desarmonia psíquica, busca no desforço a forma que imagina correta de
se contrapor à ofensa: fazer justiça com as próprias mãos.
Ao se aproveitar da
invisibilidade do plano astral, o espírito rancoroso escolhe a melhor maneira
de acicatar o seu desafeto, analisa os seus pontos frágeis, psíquicos e orgânicos,
para influenciá-lo mentalmente ou inundá-lo de fluidos perniciosos com o
propósito de desencadear as mais estranhas doenças, nem sempre
diagnosticadas pela ciência convencional. E não importa a idade da vítima encarnada.
Quando o
infante é acometido de obsessão, torna-se mais difícil elaborar o diagnóstico
espiritual do caso, pois, geralmente, os familiares resistem em admitir tal hipótese.
Imaginam
que, por ser criança, ela esteja livre do assédio invisível. Eis um engano
lamentável de sérias repercussões, visto que, quanto mais demorada a perturbação
sofrida, maior a possibilidade de sequelas irreversíveis.
De mais
a mais, no afã da vingança, o obsessor, em verdade, enxerga na pequena vítima o seu
desafeto de outrora, o espírito imortal responsável pelo delito cometido, e não a criança
momentaneamente frágil e ingênua da atual reencarnação.
Por vezes, identificamos, em campo experimental mediúnico, cruel investida engendrada pela entidade odienta. Digamos que o alvo pretendido seja o genitor. Então, o obsessor desfecha seus fluidos mórbidos contra um dos filhos, pois, comprometendo-lhe a saúde, compraz-se no sofrimento paterno. É um tipo de obsessão indireta, bem mais frequente do que se imagina.
Por vezes, identificamos, em campo experimental mediúnico, cruel investida engendrada pela entidade odienta. Digamos que o alvo pretendido seja o genitor. Então, o obsessor desfecha seus fluidos mórbidos contra um dos filhos, pois, comprometendo-lhe a saúde, compraz-se no sofrimento paterno. É um tipo de obsessão indireta, bem mais frequente do que se imagina.
Em virtude da sensibilidade, a criança, alvo da ação obsessiva, logo se ressente e manifesta o mal estar de que é vítima por meio do choro, da inquietude, da irritabilidade, do sono perturbado. Todavia, os sintomas decorrentes do assédio espiritual podem confundir o pediatra que vai buscar no organismo as causas mais frequentes de desconforto geral, a exemplo de erupção dentária, otalgia, verminose, distúrbio comportamental etc.
Naturalmente os distúrbios infantis requerem urgência nos procedimentos médicos, pois nem sempre sintomas psíquicos ou persistentes derivam exclusivamente de obsessão espiritual. O bom senso adverte: Em primeiro lugar a assistência clínica, depois, o suporte da ciência da espiritualidade nos casos suspeitos.
Não obstante, considera-se tênue a linha divisória entre as duas condições. No nosso modo de ver, quando as tentativas da medicina não surtirem o efeito esperado, justifica-se uma investigação espiritual do caso, pois esta nada custa e acontece no recesso da instituição espírita, com o concurso de médiuns experimentados nesses misteres, além da cobertura indispensável dos mentores.
Por muito tempo ainda, a obsessão espiritual será uma realidade sinistra a infelicitar o gênero humano. Esse quadro adverso só será extinto quando as imperfeições morais cederem lugar aos sentimentos enobrecidos conquistados pela maioria. A maldade humana não distingue idade nem sexo.
O ódio
e a vingança bloqueiam o senso crítico, e, a exemplo do que acontece na crosta,
delitos hediondos são cometidos por espíritos inferiores, avessos ao chamamento
do bem.
Por isso, a ciência da espiritualidade aplicada à saúde integral nos adverte
para a possibilidade da obsessão espiritual, em certas situações, que não
respondam satisfatoriamente aos esforços da medicina.
Partindo
de tal raciocínio, é preciso atenção redobrada especialmente com as crianças.
Os espíritos bondosos que nos orientam por meio de médiuns confiáveis e
honestos sugerem
a prática do evangelho no lar, insistem na manutenção de um clima de harmonia
em família e aconselham a frequência às aulas de moral cristã nas instituições
espíritas,
com a finalidade de robustecer as defesas espirituais das crianças.
Portanto,
diante de um quadro sugestivo de perturbação espiritual infantil, quando os
passes e a água fluidificada não surtirem os efeitos previstos, por uma questão de
bom senso, não descartemos a hipótese de influenciação espiritual grave, a
exigir os procedimentos mais elaborados da desobsessão formal.
Na
atualidade, as casas espíritas bem orientadas cultivam em sua rotina
doutrinária as sessões desobsessivas, sem dúvida um passo à frente no vasto
campo da medicina da alma.
Compilado do site www.portalespiritualista.org