Obsessão, a dupla face de um flagelo
Por Vitor Ronaldo Costa
A patologia
espiritual induzida
pelos seres desencarnados recebe, no Espiritismo, a denominação generalizada de “obsessão”. Allan
Kardec, analisando-a na prática, identificou a verdadeira causa do mal e descreveu os
mecanismos sutis da ação deletéria patrocinada pelo obsessor.
Apesar
da expressiva sintomatologia de alguns casos, para surpresa de muitos, a enfermidade não
decorre da ação patogênica de nenhum vírus desconhecido, mas de um agente
etiológico jamais imaginado pela Ciência, embora, largamente disseminado na crosta
planetária, o próprio homem.
Este
agente é sem dúvida, um vetor de reconhecida virulência e de comportamento
mutável, por
ser dotado de inteligência, sentimento e vontade própria, o que lhe confere, em
última análise, ampla possibilidade de ação para o bem e para o mal.
Aproveitando-se
do estado de invisibilidade, o espírito desencarnado menos esclarecido, exerce a sua ação
deletéria, manipulando “energias fluídicas de teor densificado”, extremamente
prejudiciais àqueles a quem jurou vingança.
A
obsessão espiritual, quando visualizada pela ótica espírita, se constitui em um
dos mais antigos flagelos da humanidade, prolongando-se pelos raios de ação.
Investigando-se a causa do mal, chegou-se a uma interessante conclusão: o problema é de
natureza moral e engloba, na maioria das vezes, a participação culposa de ambos
os personagens enredados na inditosa trama.
Vige no
contexto doutrinário a seguinte postura filosófica: enquanto o homem alimentar
sentimentos de ambição, ódio e vingança, a obsessão espiritual existirá por
muito tempo ainda.
Os
vínculos de sintonia entre a vítima e o agressor se estreitam, na proporção direta
do envolvimento emocional entre as partes, já que as deficiências morais, quase
sempre, estão presentes, bilateralmente, levando-se em conta que a vítima de hoje foi o
algoz do pretérito. Por isso, a consideramos “um flagelo de face dupla”,
identificado pela semelhança de malefícios.
A
dívida moral é considerada o mais importante fator predisponente da obsessão, por conta das brechas
cármicas que se desenvolvem a partir da consciência culpada.
Além do
mais, o mal praticado contra o semelhante não se extingue junto com a dor da
vítima; ele permanece vibrando em torno da “psicosfera individual”, constituindo-se
uma espécie de “morbo fluídico” que, aos poucos, se enraiza na “tela
eletromagnética do perispírito”, originando focos de baixa resistência
espiritual, por onde os obsessores costumam injetar, com facilidade, os seus “fluidos
deletérios”.
Por
isso, é
uma ilusão pensar-se que o mal feito às escondidas, por não contar com
testemunhas, nos isente dos processos retificadores. O mecanismo psíquico,
no seu complexo dinamismo, registra, na intimidade da “tela consciencial”, toda
atitude contrária às “Leis Morais da Vida”, nos expondo às exigências do “Princípio
da Ação e Reação”.
O ato
obsessivo é
uma contingência decorrente da própria miséria humana, a qual predispõe o
infrator ao assédio espiritual dos inimigos e vítimas de outrora. Por isso,
quando em reunião específica de desobsessão, escutamos esses pobres espíritos, tão
vingativos, clamarem por justiça, imaginamos o quanto de ódio lhes oblitera o
raciocínio,
a ponto de não se aperceberem tanto ou mais comprometidos que as suas pretensas
vítimas.
A
obsessão é “constrangimento fluídico” a comprometer o patrimônio mento-afetivo
ou orgânico
da criatura enfraquecido em suas defesas espirituais e, por isso mesmo, tão
necessitada quanto o próprio obsessor, da “terapêutica do perdão”, única alternativa de
cura definitiva para ambos.