Os Exilados de Capela e a
Revolução Cultural do Paleolítico Superior
Ricardo Baesso de Oliveira
No livro “Uma Breve História do Mundo”, o professor Geoffrey Blainey
escreveu: “Há
cerca de 60 mil anos, surgiram sinais de um despertar da humanidade. Recuando no tempo, os
pré-historiadores e arqueólogos colheram evidências de uma lenta sucessão de
mudanças que, nos 30 mil anos seguintes, chegaram a merecer descrições como “O
Grande Salto” ou “A Explosão Cultural”.
Há muita controvérsia sobre quem teria provocado essa explosão. Provavelmente as mudanças estiveram a cargo de um novo grupo humano que surgiu na África e depois migrou para a Ásia e a Europa. O que é digno de nota é a existência da criatividade humana em várias frentes.
O período citado pelo professor Blainey corresponde ao Paleolítico Superior (de 10 mil anos atrás) e o salto evolutivo descrito por ele recebeu também a denominação de “Revolução Criativa do Paleolítico Superior”.O Homo sapiens já havia deixado a África, após a diáspora africana verificada há cerca de 50 mil anos, e se estabelecera na Ásia e na Europa, quando uma série notável de acontecimentos se deu.
De acordo com Paulo Dalgalarrondo, no livro “Evolução do Cérebro”, verificou-se naquele período uma verdadeira revolução tecnológica e cultural, tais como a domesticação do cão. Além do conjunto de ferramentas inventadas à época (lâminas,machados, buris, raspadores), encontram-se também pontas de projéteis,instrumentos musicais e uso frequente de osso, marfim e chifres.
Testemunha-se
ainda a eclosão de tradições, estilos e estéticas locais. Foi uma mudança rápida e sem precedentes no registro arqueológico. Encontram-se, nos sítios arqueológicos, muitos objetos de adorno corporal, como contas e pingentes, assim como pigmentos para pintura do corpo (de vivos e mortos), e o surgimento de esculturas, entalhes e pinturas em cavernas.
Seguramente,
segundo Dalgalarrondo, o material arqueológico encontrado ali indica
comportamentos sociais mais complexos, um plano mental mais preciso e mais
habilidade de manipulação na produção material.
Esses
hominídeos primitivos revelavam comportamentos tipicamente humanos, ou seja,
eram capazes de produzir cultura simbólica: pintura rupestre, ornamentação corporal,
escultura, sepultamento elaborado e simbólico, decoração detalhada de objetos,
música e compreensão sutil de diversos materiais. Possuíam, possivelmente, a capacidade de simbolização complexa, uma das marcas centrais da cultura e da própria condição humana, tal como se compreende hoje.
O que poderia justificar tal explosão cultural? Os estudiosos se calam quanto às causas do estranho fenômeno sociológico. As informações espirituais, todavia,sinalizam para um grande acontecimento que se verificou em algum momento da pré-história: a migração para a Terra de uma falange de Espíritos oriunda de um orbe da constelação de Cocheiro, denominada “Cabra ou Capela”.
No livro “A Gênese”, Kardec já se referia a Emigrações e Imigrações de Espíritos entre os diferentes mundos habitados, que podem responder pela introdução na população nativa de elementos inteiramente novos. O Codificador do Espiritismo faz alusão a uma colônia de Espíritos que chegaram à Terra há alguns milhares de anos, quando o planeta já estava povoado desde tempos imemoriais.
Mais adiantada do que as que a tinham precedido neste planeta, essa raça, denominada por ele de “Raça Adâmica”, impeliu ao progresso todas as outras.
Tal acontecimento foi ainda relatado pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz,respectivamente, nos livros “A Caminho da Luz e Evolução em Dois Mundos ”. Emmanuel,examinando o fato, escreve o seguinte: “Com o auxílio desses Espíritos degredados, naquelas eras remotíssimas, as falanges do Cristo operavam ainda as últimas experiências sobre os fluidos renovadores da vida, aperfeiçoando os caracteres biológicos das raças humanas. Com a sua reencarnação no mundo terreno,
estabeleciam-se fatores definitivos na história etnológica dos seres”.
André Luiz escreveu: “Grande massa de Espíritos ilustrados, mas decaídos de outro sistema cósmico, renasceu no tronco genealógico das tribos terrestres, qual enxerto revitalizador, embora isso representasse para eles amarga penitência expiatória. Constitui-se desse modo a raça adâmica, instilando no homem renovadas noções de Deus e da vida”.
Como se deu essa mudança? Podemos entendê-las a partir do conceito de mutações dirigidas. Em 1988, John Cairns e sua equipe da “Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard” publicaram, no periódico Nature, um trabalho em que atribuíam a bactérias um certo mecanismo desconhecido de “escolher” quais mutações genéticas iriam ocorrer em seu material genético, de acordo com as situações que o ambiente se apresenta. Tal fenômeno foi denominado: mutação dirigida.
Esse
conceito referia-se
à capacidade da bactéria “observar”, no meio de cultura em que estava, a presença da lactose como fonte de energia, tipo de açúcar para o qual ela não era dotada metabolicamente de condições de utilizar. Eis que então essa bactéria poderia ter escolhido uma mutação em seus genes para se tornar apta a utilizar a lactose. O artigo gerou uma onda de revolta na comunidade científica, pois ia de encontro a um grande dogma da biologia – as mutações são sempre aleatórias, ou seja, não tem propósito, objetivo ou finalidade de qualquer espécie.
Cairns e seus colegas se retrataram e procuraram justificar o fenômeno de outra forma. Embora a biologia
acadêmica não admita a possibilidade de mutações dirigidas, essa é a principal explicação espírita para os saltos evolutivos. O psiquismo do Espírito reencarnado e intervenções de “Técnicos da Espiritualidade na área da Reprodução”
são os principais responsáveis pelas mutações que se dão de tempos em tempos e
respondem pela diferenciação dos organismos vivos e surgimento de novas espécies.
Emmanuel,no livro já citado, explica que, em muitas oportunidades, as hostes do invisível operam modificações no corpo perispiritual dos desencarnados, habilitando-os às modificações que se verificarão nos corpos físicos no futuro.A chegada na Terra, portanto, de Espíritos intelectualmente desenvolvidos e sua encarnação em corpos humanos foi o fator indutor de transformações positivas nos cérebros primitivos dos habitantes de então, que, com o tempo, puderam demonstrar a sua criatividade, conforme atestam os estudos dos nobres pesquisadores.