Capítulo 74 – O Alcance Mediúnico
Como não será de maior glória
o ministério do Espírito? (II Coríntios,3:8)
O alcance mediúnico nos dá uma visão maior dos mistérios do Espírito.
Abre as portas de um entendimento mais lúcido, que qualifica a vida como um tesouro incomparável, e faz desaparecer a morte, metamorfoseando-a em diversos caminhos para a luz.
Se o conhecimento do corpo nos fascina a todos, quanto, e muito mais, o do Espírito? Conhecer deve ser a nossa urgência, como alunos na grande escola de Cristo.
A mediunidade se nos apresenta com uma força poderosa, que estimula a inteligência em todas as direções, clareia as deduções, amplia todos os sentimentos. Mas espera que o intelecto lhes dê segurança e que o coração lhe oriente os vôos nos altiplanos da vida.
Allan Kardec traça o roteiro, na influência do Cristo, para todos os médiuns de todos os tempos, que lhe sucederam em todas as gerações, em duas apenas: amar e instruir.
O que a mediunidade pode alcançar sem a instrução? O conhecimento é a chave com a qual poderemos atingir a pedra filosofal.
Um ministro de qualquer saber é obrigado a saber mais, a ter um alcance maior que todos os que o ouvem, para que sua missão possa dar maior glória, assimilar a ciência, e fazer dela uma lente de grande profundidade, explicando a religião em Espírito e verdade.
Deverá conhecer, igualmente, a filosofia, usar todos os meios lícitos da palavra, da escrita e dos dons que possui, para que o Evangelho seja conhecido, no seu maior fulgor.
Rogamos a todos os médiuns que não sejam insinuativos do mal, mas favoráveis a todo o bem possível; que não procurem dar a mão aos gananciosos, mas mostrar-lhes, pelo exemplo, o desprendimento; que a humildade os induza à modéstia, esfriando um pouco a vaidade, para que ela não lhes crie complicações no ministério a que foram chamados.
Ser médium em Cristo é uma coisa excelente. No entanto, para que isso ocorra, imprescindível é saber o que fazer da mediunidade. Esse é o maior problema no seio da humanidade e dos espiritualistas, em geral.
Temos atrações irresistíveis para coisas misteriosas, como seja, e principalmente, comunicar com os que já partiram para o além, conhecer suas novas idéias, o que eles encontraram na viagem para o outro mundo, suas experiências e o que eles pensam dos que ficaram.
Aí é que entra o ministério da doutrina. O médium, na sua lucidez cristã, é um ministro que deve orientar todos os sofredores, todos os que queiram se instruir acerca da outra vida e da vida que deve ser levada.
E se ele não levar a sério a sua missão, o Evangelho interroga a sua consciência, na palavra de Lucas, 6:39- Pode porventura um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco?
A Doutrina dos Espíritos, codificada pelo mensageiro do Cristo em Lion, na França, fornece todos os meios para um médium se educar.
Fundamenta-se nos preceitos evangélicos e distribui, com maior elegância espiritual, a disposição doutrinária de uma educação em que a disciplina está sempre presente.
Se por acaso, um médium tornar-se diferente dos outros homens, não é por dádivas que os céus lhe conferiram, esquecendo os outros filhos de Deus.
É pela maior assimilação dos conhecimentos que o seu esforço agigantou; é pela auto-educação; é pela caridade e por muito amar. Eis que todos os homens poderão ser dotados dessas virtudes, e elas abrirão faculdades que transcendem os raciocínios.
Chamamos a atenção dos medianeiros, em todos os seus ministérios, para que não desdenhem dos que não possuem a mediunidade de se comunicarem mais diretamente com os Espíritos, pois eles são dotados de outras qualidades, além de poderem adquirir quaisquer outros dons.
Ninguém é melhor que ninguém. Não julgar o semelhante, por não participar da sua fé, é outro preceito louvável, porque Deus, o Supremo Senhor de todas as coisas, está em todo lugar.
A glória do Espírito pertence a todos, pelas bênçãos de Deus e no ministério da carne, como não será o nosso ministério no alcance do Espírito? Por isso é que Paulo assim pronunciou:
Como não será de maior glória
o ministério do Espírito?