Viagem Astral - O Sono

O Sono liberta inteiramente a alma do corpo. Quando dormimos, ficamos momentaneamente no estado em que nos encontraremos, de maneira definitiva, após a morte.

Os Espíritos que cedo se desprenderam da matéria por ocasião da morte tiveram sono inteligente; quando dormem, se reúnem à companhia de outros seres superiores a eles; viajam, conversam e com eles se instruem.

Trabalham até em obras que, ao morrer, acham concluídas. Isso nos deve ensinar uma vez mais a não temer a morte, visto que, conforme a palavra de um santo, morreis diariamente.


Isto quanto aos Espíritos elevados; para a massa dos homens, porém, que com a morte devem ficar longas horas nessa perturbação, nessa incerteza da qual falaram, ou irão para mundos inferiores à Terra, onde os chamam antigas afeições.

Ou talvez buscarão prazeres mais deprimentes ainda do que os daqui; vão aprender doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis e mais nocivas do que as professadas em vosso meio.

O sonho é a lembrança do que viu vosso Espírito durante o sono, mas notai que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais daquilo que vistes ou de tudo o que vistes.

Não é vosso alma em todo o seu desdobramento; muitas vezes não é senão a lembrança da perturbação que acompanha vossa partida ou chegada, a que se junta a recordação daquilo que fizeste ou que vos preocupa no estado de vigília.

Sem isso, como explicaríeis esses sonhos absurdos, que tanto tem os mais sábios quanto os mais simples? Os Espíritos maus também se servem dos sonhos para atormentar as almas frágeis e pusilânimes.


Alias, em breve vereis desenvolver-se uma nova espécie de sonhos, tão antiga quanto a que conheceis, mas que ignorais.

O Sonho de Joanna, o sonho de Jacó, o sonho dos profetas judeus e de alguns profetas indianos: Esse sonho é a lembrança da alma inteiramente desprendida do corpo, a lembrança dessa segunda vida de que vos falava há pouco.

Procurai distinguir bem essas duas espécies de sonhos, dentre aqueles de que vos recordais, sem o que entrareis em contradições e em erros que seriam funestos à vossa fé.

Texto publicado na Revista Espírita
de Allan Kardec em dezembro de 1858.