Miramez – Capítulo 99 do livro Médiuns

O Médium educado - Miramez
Tendes condenado e matado o justo,
sem que ele vos faça resistência. (Tiago, 5:6)

O médium educado é digno de ser chamado discípulo de Cristo. Sabe falar com acerto e viver com justiça. Não exige nem maldiz, não julga nem fere. Coloca o amor acima de todas as convenções humanas.

É afável em todas as suas conversações e não se enfada com o ignorante, procurando os meios possíveis de ajudá-lo no esclarecimento. Ele nunca toma a pose de mestre, para não exaltar o orgulho de quem ouve.


Quando é atacado sem que participe a justiça, conserva sua serenidade e confia que o perdão, sem nenhuma vaidade, o tranqüiliza como água divina no coração ansioso por Jesus.

Em todos os transes provativos, recorre à oração e, por meio dela, procura beneficiar os que porventura o colocaram como ofensor, e depois da prece busca e encontra o ensejo de ajudar mais, trabalhando em favor de todos que o cercam.

A mediunidade para o cristão é como os talentos do Evangelho, que não podem ficar esquecidos e nem tampouco guardados egoisticamente.

Ela é de função coletiva, como já falamos alhures, e para se processar a multiplicação dessas faculdades inerentes a todos os seres, torna-se indispensável fazermos, em primeiro lugar, uma auto-análise do nosso comportamento e nunca nos colocarmos como em melhores condições do que os outros, porque estamos nos esforçando, ou já abandonamos certos vícios ou hábitos inconvenientes.

Procuremos trabalhar no mais profundo silêncio, não sirvamos de exemplo falante para os companheiros, porque isso aborrece tanto ou mais que a própria falta. Virtude sublimada é aquela que irradia sem que queiramos que os outros saibam de nossa transformação.
Se o nosso impulso é esconder o erro da nossa participação, seria de maior valor se guardássemos os acertos. Nada ficará escondido, nem um nem outro.

Não obstante, procuremos não participar do alarde. A educação alivia a consciência e abre caminhos para muitas esperanças, e na mesma seqüência aparece o perdão que não deixa de atingir os outros, com influência da alegria.

A cortesia é um bom exercício e um princípio de disciplina; que não se perca o condicionamento desse gesto, e ele nos levará a bondade. Ela garante um estado de serenidade e mesmo de mais vida em nós.

Ao darmos as mãos a esse punhado de idéias, concernentes a educação, sofremos ataques de todas as ordens, provindos de todos os lados; no entanto, é bom que nos lembremos de que também já atacamos muito. E quantos justos já ofendemos e eles perdoaram.

Eis a nossa vez de passar pelos revezes acionados pelas línguas inquietas e fazer o mesmo que fizeram os santos, procedendo da mesma forma que os sábios.

Se perseverarmos no bem, na caridade e no amor sem condições, poderemos escutar esta afirmação de Paulo, II Coríntios, 13:6 “Mas espero, reconheça que não somos reprovados”.

E adiante, em Efésios, 6:14, proclama com plena segurança: “Estais, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade, e vestindo vos da couraça da justiça”.

Instruir e cooperar na instrução dos semelhantes é se conscientizar do dever perante Deus e a consciência; é ajudar por amor, para que a luz se acenda em todos.

E assim, certamente, reconhecermos que nunca seremos reprovados na escola divina dirigida pelas mãos do Cristo. E talvez mais uma repetição do texto de Tiago nos faça aprimorar mais o nosso meio e condição de vida.

Tendes condenado e matado o justo,
sem que ele vos faça resistência. (Tiago, 5:6)